DRAMA VIROU ATÉ FILME
Odrama dos moradores de Volta Redonda, no Sul Fluminense, com a poluição de pó preto de escória produzida pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), conforme o DIA vem publicando, está sendo exibido em cinema. O longa-metragem ‘Caminho do Mar’, de 86 minutos, da Bang Filmes, entrou em cartaz nos espaços Itaú, no Rio, e Frei Caneca, em São Paulo, devendo percorrer circuíto nacional. A direção e o roteiro são do cineasta Bebeto Abrantes.
“Estou estarrecido. Fizemos as filmagens da montanha de escória há dois anos. É inconcebível, inacreditável, que o pesadelo só se agravou, sob aparente inércia das autoridades em geral”, lamentou Abrantes.
O filme tem 15 minutos sobre a poluição em Volta Redonda. Uma das tomadas mais impactantes é a que mostra um dos 100 caminhões que depositam escória diariamente na pilha gigante do subproduto do aço de Altos-Fornos e Aciaria. O material, usado na indústria cimenteira, com metais pesados, é entulhado no bairro Brasilândia. O filme percorre o rio, desde suas nascentes em Paraibuna (SP) até o Oceano Atlântico, em Campos, no Norte Fluminense, passando por Minas.
Estocado a céu aberto, sem contenção, em área de 274 mil metros quadrados, pela Harsco Metals, o material pode ser prejudicial à saúde de parte dos 15 mil moradores de seis bairros, e é ameaça ao Rio Paraíba. Em outra cena, o aposentado Manoel Cunha, 70 anos, recolhe poeira em casa com imã. “É a prova que respiramos pó de ferro”.
Segundo denúncia 1518/2018 feita ao Ministério Público Federal pela ONG Associação Homens do Mar da Baía de Guanabara (Ahomar), o Rio Paraíba, que abastece mais de 12 milhões de pessoas na Região Metropolitana, está na iminência de uma catástrofe. O MPFVR abriu inquérito.
Em nota para acionistas, a CSN informou que “conseguiu mais 90 dias de prazo de autoridades ambientais, para operar a Usina Presidente Vargas”. O prazo seria, conforme o texto, para “continuar busca de solução consensual definitiva das questões ambientais na UPV”. A Secretaria de Estado do Ambiente não respondeu sobre o assunto.
É inconcebível, inacreditável, que o pesadelo só se agravou, sob aparente inércia das autoridades em geral BEBETO ABRANTES, cineasta
Se não faz mal, porque não jogam esse lixo químico na porta das casas deles? Minha família inteira tem problemas respiratórios por causa deste material Sônia de Freitas, moradora do bairro São Luiz