O Dia

DRAMA VIROU ATÉ FILME

- FRANCISCO EDSON ALVES falves@odia.com.br

Odrama dos moradores de Volta Redonda, no Sul Fluminense, com a poluição de pó preto de escória produzida pela Companhia Siderúrgic­a Nacional (CSN), conforme o DIA vem publicando, está sendo exibido em cinema. O longa-metragem ‘Caminho do Mar’, de 86 minutos, da Bang Filmes, entrou em cartaz nos espaços Itaú, no Rio, e Frei Caneca, em São Paulo, devendo percorrer circuíto nacional. A direção e o roteiro são do cineasta Bebeto Abrantes.

“Estou estarrecid­o. Fizemos as filmagens da montanha de escória há dois anos. É inconcebív­el, inacreditá­vel, que o pesadelo só se agravou, sob aparente inércia das autoridade­s em geral”, lamentou Abrantes.

O filme tem 15 minutos sobre a poluição em Volta Redonda. Uma das tomadas mais impactante­s é a que mostra um dos 100 caminhões que depositam escória diariament­e na pilha gigante do subproduto do aço de Altos-Fornos e Aciaria. O material, usado na indústria cimenteira, com metais pesados, é entulhado no bairro Brasilândi­a. O filme percorre o rio, desde suas nascentes em Paraibuna (SP) até o Oceano Atlântico, em Campos, no Norte Fluminense, passando por Minas.

Estocado a céu aberto, sem contenção, em área de 274 mil metros quadrados, pela Harsco Metals, o material pode ser prejudicia­l à saúde de parte dos 15 mil moradores de seis bairros, e é ameaça ao Rio Paraíba. Em outra cena, o aposentado Manoel Cunha, 70 anos, recolhe poeira em casa com imã. “É a prova que respiramos pó de ferro”.

Segundo denúncia 1518/2018 feita ao Ministério Público Federal pela ONG Associação Homens do Mar da Baía de Guanabara (Ahomar), o Rio Paraíba, que abastece mais de 12 milhões de pessoas na Região Metropolit­ana, está na iminência de uma catástrofe. O MPFVR abriu inquérito.

Em nota para acionistas, a CSN informou que “conseguiu mais 90 dias de prazo de autoridade­s ambientais, para operar a Usina Presidente Vargas”. O prazo seria, conforme o texto, para “continuar busca de solução consensual definitiva das questões ambientais na UPV”. A Secretaria de Estado do Ambiente não respondeu sobre o assunto.

É inconcebív­el, inacreditá­vel, que o pesadelo só se agravou, sob aparente inércia das autoridade­s em geral BEBETO ABRANTES, cineasta

Se não faz mal, porque não jogam esse lixo químico na porta das casas deles? Minha família inteira tem problemas respiratór­ios por causa deste material Sônia de Freitas, moradora do bairro São Luiz

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Uma das cenas do filme mostra um caminhão despejando escória no local há dois anos

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