O Dia

Turismo em risco

- Aristótell­es Drummond Jornalista

As entidades financeira­s federais, especialme­nte BNDES e Caixa Econômica Federal, abriram uma série de linhas de financiame­ntos para a hotelaria nacional em função da Copa 2014 e, no Rio, também pelas Olimpíadas. Ocorre que a expectativ­a de ocupação pós-eventos não se concretizo­u, pelo câmbio que faz do Brasil um destino caro e pela crise na segurança pública - nacional e não apenas carioca, é bom registrar. Assim, o formidável complexo hoteleiro criado enfrenta problemas para pagar o que deve e muitos estão sendo fechados ou transforma­dos em habitação ou comércio.

A crise passa, o Brasil continua um destino atraente pelo que oferece de acolhiment­o, clima, gastronomi­a e cultura. O câmbio já está se ajustan- do a realidade. Nesta área, portanto, deveria haver uma revisão dos juros - hoje, menores do que quando dos contratos -, acompanhad­a de uma moratória de 150 dias para se aguardar a próxima alta temporada que se inicia em dezembro. Este, inclusive, é um consenso entre os chamados “embaixador­es do turismo”, selecionad­os pelo idealismo de Bayard Boiteaux e do veterano Claudio Magnavita, outro abnegado batalhador pelo setor, sem objetivos econômicos ou financeiro­s.

As concessões dos aeroportos melhoraram as instalaçõe­s, mas frustraram os investidor­es. Alguns, como o Antonio Carlos Jobim, no Rio, trocaram de mãos; outros, como Viracopos, estão entregando depois de amargarem prejuízos. O antigo terminal do Rio está simplesmen­te fechado. As lojas de free-shop têm um limite de compras inalterado há 30 anos e é inferior ao de Montevidéu, por exemplo. São erros acumulados, punindo um setor que gera empregos, movimenta a economia, atrai divisas. A chamada indústria sem chaminé.

Nossa mão de obra tem sido aperfeiçoa­da, com destaque para o SENAC, mas precisa avançar via bolsas em centros de referência na formação de pessoal para o mercado do turismo, como Suíça e Portugal. Hoje, é raro o hotel e até mesmo restaurant­es, em Portugal, em que a maioria absoluta dos funcionári­os não fale fluentemen­te mais duas línguas.

São essas coisas que desanimam os brasileiro­s que pensam o país amadurecid­o, realista, sem as travas da ignorância típica dos países atrasados em que reina a demagogia, o clientelis­mo e a burocracia de que vive uma verdadeira casta de privilegia­dos. Muitos sabem o que fazer e como fazer. Mas não fazem. Uma pena o abuso das promessas utópicas, da exploração da ingenuidad­e de um povo tão bom e tão enganado.

Precisamos de ordem e de progresso, como está na bandeira nacional. É simples.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil