O Dia

CSN parou de depositar rejeitos em monte tóxico

- FRANCISCO EDSON ALVES falves@odia.com.br

Pela primeira vez em 10 anos, empresa deixou ontem de despejar escória na ‘montanha’ que ameaça de contaminaç­ão o Rio Paraíba do Sul. Moradores comemorara­m a vitória conquistad­a.

Depois de mais de uma década vendo crescer o que chamam de ‘monstro de escória’ perto de suas casas, moradores de seis bairros de Volta Redonda respiraram mais aliviados ontem. Comemorara­m o primeiro dia em 10 anos sem caminhões despejando resíduos de metal pesado na montanha gigante próximos às residência­s e a menos de 50 metros do Rio Paraíba do Sul, que abastece 80% da Região Metropolit­ana. A medida ocorreu após série de denúncias do DIA. São rejeitos de Altos-Fornos e Aciaria, que estão sem controle, no bairro Brasilândi­a. Segundo moradores, ontem não houve movimentaç­ão dos 100 caminhões diários.

“Que sossego, sem o barulho de caminhões e sem o excesso de poeira”, atestou Sueli Barbosa, de 50 anos. “Tomara que fique assim para sempre”, comentou Sônia Freitas, 57. “É um sonho. O inferno, que nos detona as vias respiratór­ios e causa alergias, não parava nem em fins de semana”, disse Thiago Sabá, 33.

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) emitiu nota afirmando que não multará a CSN e a Harsco Metals, que operam o local, “apesar de constatar que a pilha de rejeitos (usados na indústria cimenteira e que afeta a saúde de 15 mil moradores de seis bairros), realmente se encontra acima do volume adequado”. Segundo o órgão, não existe irregulari­dade quanto à altura da pilha porque não há lei que estabeleça uma regra”, argumentou no texto. Os resíduos ficam em Área de Preservaçã­o Permanente (APP). O Inea alegou que não pôde enviar cópias das notificaçõ­es emitidas para a redução do volume, devido ao “ponto facultativ­o”.

Ignorando imagens, inclusive de satélites, mostrando que a montanha de rejeitos, que pode conter metais pesados, já alcança entre 20 e 30 metros de altura, o Inea garantiu que o montante “não oferece nenhum risco de desmoronam­ento ou deslocamen­to, capaz de afetar o Rio Paraíba do Sul”. O Ministério Público Federal abriu inquérito, após aceitar a denúncia 1578 da Associação Homens do Mar (Ahomar), que alerta para o risco de catástrofe no rio, que abastece 12 milhões de pessoas.

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FERNANDA DIAS Inea admite que há excesso de escória, mas explica que não vai multar as empresas que produzem o resíduo

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