O legado rico de um rei pobre
O país mais pobre das Américas alcançou em 1974 seu ápice esportivo. Contra todas as expectativas, o Haiti ficou com a única vaga destinada à Concacaf para a Copa do Mundo. Graças aos gols de seu atacante impetuoso, chamado Emmanuel Sanon. Diziam os haitianos que ele era o Pelé caribenho. Exagero, pensaram todos aqueles que certamente nunca tinham ouvido falar que se jogava futebol naquele país.
Na Alemanha, o cartão de visitas do Haiti foi representativo. Na estreia contra a Itália, então vice-mundial, Sanon colocou seu país na frente do placar e, de quebra, acabou com a invencibilidade recorde do goleiro Dino Zoff de 903 minutos. No fim das contas, a Azzurra venceu por 3 a 1, mas o mundo, naquele momento, só tinha olhos para o Haiti. No segundo encontro, porém, quebrou-se o encanto. Polônia 7 a 0. Mas Sanon, apesar do placar espantoso, já atraía olhos mais apurados. Queriam saber um pouco mais daquele atacante que atuava no Don Bosco FC, na liga amadora haitiana.
Na saideira do Mundial, no Estádio Emmanuel Sanon comemora seu gol diante da Argentina, na derrota de 4 a 1 do Haiti na Copa de 1974 Olímpico de Munique, derrota de 4 a 1 para a Argentina, novamente com um gol de honra dele, Manno Sanon. O Haiti dava adeus à Europa, mas seu camisa 20 ficaria por lá. Assinou contrato com o Beerschot, da Bélgica, pelo qual fez 43 gols em 142 jogos e conquistou a copa nacional na temporada 1978-79. De lá. seguiu para os EUA, onde vestiu as camisas de Miami Americans e San Diego Sockers. Encerrou a carreira em 1983, aos 32 anos e retornou ao seu país. Sanon morreu em 2008, aos 56 anos, em decorrência de um câncer no pâncreas. Seu funeral, no Estádio Nacional Sylvio Cator, em Porto Príncipe, atraiu milhares de pessoas. Seu caixão foi carregado pelos colegas de time da Copa de 1974. O governo do Haiti passou a conceder uma pensão vitalícia à família de Sanon e, em 2010, inaugurou uma academia de futebol, para revelar novos talentos, batizada com seu nome.
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