Fórum debate acesso a remédios para doenças raras
Falta de investimentos em pesquisa e preços altos foram temas de destaque
Aincorporação dos medicamentos para tratar doenças raras no SUS e o acesso aos pacientes foram debatidos pelo Comitê Executivo do Fórum Nacional do Poder Judiciário, na última semana, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A reunião, um pedido da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), foi conduzida pelo médico e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Gonzalo Vecina Neto, integrante do Comitê Executivo Nacional do Fórum da Saúde. “Um dos princípios deste grupo é conversar com todos os personagens do sistema de saúde. Tendo como objetivo, na mesma intensidade, a melhoria da condição do magistrado no exercício da jurisdição e preocupação com a população brasileira”, afirmou o conselheiro Arnaldo Hossepian, supervisor do Fórum.
Já o presidente executivo interino da Interfarma, Pedro Bernardo, alertou sobre a falta de produção no Brasil. “Todos os medicamentos para doenças raras foram pesqui- sados e produzidos fora do país. Ou seja, nós apenas os importamos”, afirmou. Bernardo destacou, ainda, o fato do sistema tributário brasileiro interferir diretamente no aumento dos custos de comercialização dos produtos e a necessidade de mais participação social na atividade de incorporação dessas tecnologias.
SEM PESQUISAS
A falta de investimentos em pesquisas foi abordada por Maria José Delgado Fagundes, diretora da Interfarma. Ela mostrou que, das 57 pesquisas sobre doenças raras em desenvolvimento no mundo, apenas uma está sendo feita no Brasil. Coordenador do Comitê Estadual de Saú- de do Rio Grande do Sul, desembargador Martin Schulze, afirmou que os preços praticados na venda dessas drogas no Brasil ajudaram a inflacionar o preço do produto em todo o mundo.
ALTOS CUSTOS
“Vai chegar um momento em que ninguém terá dinheiro para comprar esses medicamentos”, argumentou. A mesma observação foi feita pela médica Maria Inez Pordeus Gadelha, diretora substituta do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde. “Os preços no Brasil estão acima da média mundial”, criticou. Por determinação do Fórum, será feita gestão junto à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) para saber de detalhes sobre andamento dos pedidos de incorporação de medicamentos usados no tratamento de doenças raras. Além disso, especialistas nessas enfermidades serão ouvidos sobre a eficácia dessas drogas.
Vai chegar um momento em que ninguém terá dinheiro para comprar esses medicamentos