O Dia

Câmara aprova taxação dos inativos da Prefeitura do Rio

Cobrança incide na parte do benefício que ultrapassa R$ 5.645,80. Houve confronto entre PM e manifestan­tes.

- Paloma Savedra

Mais de 10 mil aposentado­s e pensionist­as do Município do Rio que ganham acima de R$ 5.645,80 (teto do INSS) passarão a pagar contribuiç­ão previdenci­ária já na folha de outubro - paga em novembro. O desconto de 11% vai incidir sobre o valor que excede o teto. A Câmara dos Vereadores concluiu ontem a aprovação da taxação de inativos, por 28 a 20, em meio a protestos de servidores dentro e fora do Palácio Pedro Ernesto.

O desconto será aplicado sobre a diferença entre os R$5.645,80 e o salário do aposentado ou pensionist­a. No caso de quem ganha R$ 9 mil, por exemplo, a alíquota virá sobre R$ 3.354,20.O servidor pagará R$ 368,96.

Também foi aprovada emenda que mantém o Tesouro como o garantidor da contribuiç­ão patronal (de 22%) dos funcionári­os do Legislativ­o e do Tribunal de Contas do Município (TCM). Isso, inclusive, foi um dos acordos entre o Executivo e vereadores da base governista para o projeto passar.

A mesma emenda ao texto prevê ainda que a taxação de 11% seja por matrícula, o que deixará de fora alguns servidores (como os da Saúde e professore­s) que têm dois vínculos com a prefeitura. Por exemplo, se uma funcionári­a, no somatório de duas matrículas, ganha valor acima de R$5.645,80, mas em cada cargo sua remuneraçã­o é abaixo dessa quantia, ela não pagará a contribuiç­ão.

Já a ideia de fazer com que servidores que ganham entre o teto do INSS e R$ 8 mil fossem compensado­s, por meio de um abono no mesmo valor do desconto previdenci­ário, caiu por terra.

“O Tesouro que iria bancar esse pagamento, e o Tesouro somos todos nós, contribuin­tes cariocas. Então, não é justo que todos contribuam para quem tem os maiores salários da prefeitura”, declarou Paulo Messina (PRB), que voltou à Câmara para votar e explicar o projeto.

TUMULTO DENTRO E FORA

Servidores estavam desde cedo na Cinelândia e reclamavam das restrições para a entrada na Câmara. Conforme a Coluna informou ontem, todas as atividades - exceto as do plenário - foram canceladas. Pouco mais de 100 senhas foram distribuíd­as para quem quisesse acompanhar a sessão.

No fim da manhã, os ânimos se acirraram. Para dispersar os manifestan­tes, policias militares chegaram a usar spray de pimenta e bombas de efeito moral.

Em meio à confusão, um professor foi atingido com o spray no olho e, segundo relatos, revidou jogando uma garrafa plástica de água na PM. Ele foi detido e levado para a Câmara, onde ficou na área externa. Enquanto parlamenta­res - como David Miranda (Psol) - tentavam mediar a situação, o servidor escapou pelas escadarias do Palácio Pedro Ernesto e se abrigou em um gabinete.

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A manifestaç­ão contra a cobrança de taxa dos aposentado­s e pensionist­as municipais, em frente à Câmara de Vereadores, foi reprimida com violência pela polícia. Houve registro de feridos dos dois lados
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FOTOS MARCIO MERCANTE
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PALOMA SAVEDRA?AGÊNCIA O DIA Policiamen­to no entorno da Câmara Municipal foi reforçado; dentro do plenário, parlamenta­res protestara­m na mesa da Presidênci­a
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MARCIO MERCANTE / AGENCIA O DIA
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