FELIZ, TÉCNICO FALA ATÉ EM TOMAR CAIPIRA
Otécnico Tite viveu ontem a emoção de comandar a seleção brasileira em seu primeiro duelo de caráter realmente eliminatório em 24 jogos. E gostou do que viu. Afinal, o Brasil não só venceu a Sérvia por 2 a 0 como teve sua melhor atuação na primeira fase da Copa do Mundo, resultado que garantiu o primeiro lugar do Grupo E e evitou uma eliminação precoce — em caso de derrota — na busca pelo hexa.
“A equipe tem mais a crescer. Está dentro do que buscamos, vem crescendo, mas a busca é padrão igual para melhor”, disse Tite. Porém, ele admitiu não ter como tirar 100% de seus comandados: “Isso é desumano e não é quantificável. O que eu procuro é desafiar os atletas a crescer, a atingir um nível maior. Não sei aonde essa equipe pode chegar. É um torneio curto, de características específicas”, observou o treinador.
Se contra a Sérvia o Brasil asseguraria a vaga com o empate, Tite admite que o caráter do duelo com o México, este sim sinônimo de eliminação em caso de derrota, terá dificuldade maior: “Temos que ter sabedoria para ajustar peças. Mata-mata tem caráter emocional forte. Se puder resumir, a margem de erro diminui muito. O nível de concentração é altíssimo, não pode diminuir.”
Feliz com o bom desempenho diante dos sérvios, Tite sabe que a exigência com o rendimento da Seleção irá crescer. Mas está preparado: “Essa equipe criou expectativa alta porque arrebentou na fase de classificação e nos amistosos. Queria que arrebentasse como contra Croácia e Áustria. Só que no Mundial há um novo formato, uma característica diferente”, ressaltou Tite.
Ele minimizou a pressão sobre alguns jogadores, como Gabriel Jesus, que não foi bem. “Tem uma série de atletas que vão decidir. O Gabriel Jesus, no seu primeiro jogo, foi protagonista contra o Equador. Paulinho, Marquinhos, em determinado momento jogando muito. Alisson contra a Argentina. Thiago Silva, Miranda, com regularidade muito grande”, encerrou Tite, que ainda vê Gabriel Jesus como candidato a protagonista no Mundial.
O semblante de Tite estava mais leve após a vitória sobre a Sérvia. A classificação às oitavas de final do Mundial deixou o treinador menos pilhado — pelo menos aparentemente — o que não significa uma acomodação.
“Vou tomar caipira hoje (ontem), eu me permito”, brincou o treinador. “Copa do Mundo são relações humanas, e eu tenho que sentir como se estabelecem o vestiário, os atletas, a alegria, o orgulho. Se está pilhado, joga para menos. Se está pouco, jogo para mais”, acrescentou.
Tite segue com os pés no chão ao falar do favoritismo do Brasil: “A gente não vive de expectativa, mas de realidade. De equipe que suporta pressão, equilibrada, com peças de reposição. Essa situação é de vocês, de apostadores, não a nossa. A nossa é de busca de crescimento.”