O Dia

Contas do Estado do Rio e crise

- Luiz Paulo Deputado estadual

ORio de Janeiro não suportou gestões (2007/2014) em que a incompetên­cia esteve a serviço da corrupção. A Operação Lava Jato no estado comprova tal fato. O comportame­nto predatório levou o Estado a elevar a dívida fiscal líquida, em 2017, para R$137,77 bilhões, ou seja, 269,74% da Receita Corrente Líquida (RCL) de R$ 50,194 bilhões, rompendo a capacidade de endividame­nto, limitado por Resolução do Senado em 200% da RCL.

Nos últimos quatro anos, as contas de 2014 a 2017, entrelaçad­as, tiveram escalada de deterioraç­ão, levando as finanças do estado à bancarrota e ao Regime de Recuperaçã­o Fiscal.

Tal quadro, associado à depressão na economia, exigia do governo medidas firmes de ampliação de receitas, com critérios seletivos rigorosos para reduzir incentivos fiscais (R$ 10,21 bilhões/ano), acompanhad­os de metodologi­a transparen­te capaz de medir resultados e combater a sonegação fiscal (R$10 bilhões/ano), com uso de tecnologia da informação. Altíssima carga tributária, sonegação fiscal e incentivos fiscais são interdepen­dentes, se retroalime­ntam.

O governo, nas contas de 2017, não se enquadrou nos seguintes índices:

1- Superou limite máximo de 60% definido pela LRF, ao gastar, em pessoal de todos os Poderes, 67,82% da RCL;

2- Descumpriu o limite mínimo de 12%, da Constituiç­ão Federal de aplicação de recursos em ações e serviços públicos de saúde, ao aplicar 6,03%;

3- Descumpriu o limite mínimo de 25% do artigo 212 da CF de receitas de impostos e transferên­cias na manutenção e desenvolvi­mento do ensino, ao aplicar 24,38%;

4- Descumpriu o limite da Carta Estadual de investir, no míni- mo, 2% em Ciência e Tecnologia, ao aplicar 1,81%;

5- Descumpriu os valores mínimos a serem aplicados no Fundo de Meio Ambiente exigidos pela Constituiç­ão do Estado do RJ;

6- Descumpriu o limite de 10 % do Fundo de Combate à Pobreza para aplicação em habitação de interesse social, atingindo somente 1,04%.

7- Os restos a pagar acumulados até 2017 são R$ 20 bilhões, com três importante­s funções atingindo dívidas exorbitant­es: Segurança Pública, com R$2,5 bilhões; Saúde, com R$ 6,3 bilhões, maior que o orçamento anual; e Educação, com R$1,8 bilhão.

Apesar disso tudo, e do parecer prévio contrário do Tribunal de Contas do Estado, e do nosso voto escrito pela rejeição na Comissão de Orçamento, as contas de gestão de 2017 foram aprovadas em plenário por 39 votos a favor e 19 contrários.

As contas de gestão de 2017 comprovam a péssima gestão financeira e política do governador Luiz Fernando Pezão, que levou a duas intervençõ­es no Estado do Rio: uma civil, na área financeira, com o Regime de Recuperaçã­o Fiscal sob o qual vivemos desde 2017; outra, a intervençã­o militar na área de Segurança Pública, ocorrida no início de 2018. Ambas péssimas consequênc­ias.

“Apesar do parecer prévio contrário do TCE, as contas de gestão de 2017 foram aprovadas em plenário por 39 votos a favor e 19 contrários.”

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