Eleição muda o mapa político do México
Esquerda fez presidente e governadores
O México se prepara para uma importante mudança politica liderada por Andrés Manuel López Obrador, que no domingo obteve uma contundente vitória nas eleições gerais do país, levando a esquerda ao poder da segunda economia latino-americana.
Em sua terceira tentativa consecutiva de chegar à presidência, AMLO, como é conhecido entre os mexicanos, se apresentou como um candidato antissistema e recebeu mais de 53% dos votos, de acordo com estimativas oficiais (a apuração é manual).
O Regeneração Nacional (Morena), partido liderado por López Obrador, conseguiu, além disso, a maioria dos governos (seis de nove), entre eles o da Cidade do México. Este triunfo implica uma mudança radical no mapa político do país, cuja vida política era dominada pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI), atual ocupante do governador, e o conservador PAN. A posse do novo mandatário será apenas em 1º de dezembro.
Em uma de suas primeiras manifestações, Obrador disse que “estenderá as mãos” ao governo Trump. Via Twitter, o presidente americano, que falou com o colega mexicano pelo telefone, disse que “deseja” trabalhar com Obrador e que “há muito o que fazer para beneficiar tanto os EUA como o México”.
“Foi muito respeitoso”, disse Obrador sobre a conversa com Trump. “Isso é o que vamos sempre procurar na relação com o governo dos EUA: respeito mútuo”. O novo presidente propôs a criação de empregos como forma de reduzir a migração para os EUA.
Obrador capitalizou o cansaço da população com repetidos casos de corrupção e denúncias de violações dos direitos humanos, que ele ligou à “máfia do poder”.
No projeto de governo, constam apoio ao campo, revisão de contratos da reforma energética, um governo “austero, sem luxos ou privilégios” e a redução dos salários dos altos funcionários em até 50%, a começar pelo próprio. A promessa é estimular programas sociais e reduzir a pobreza.
As eleições encerraram a campanha mais violenta da história recente do México, com 145 políticos assassinados desde setembro.