Família morta em Mangaratiba
Mulher encontrou filha, genro e netos assassinados em casa. Namorado da neta foi morto no telhado
‘Entrei na casa e foi uma cena de terror. Só dei graças a Deus que o bebê estava vivo, enrolei ele em um pano e fui para a delegacia”. O relato é de Aparecida da Silva, de 55 anos, que encontrou seis familiares assassinados em Mangaratiba, na Costa Verde, ontem. Os autores do crime, ainda não identificados, entraram na casa da família de madrugada e só pouparam Arthur de Souza, de 7 meses.
Ainda em choque, ela pegou o bisneto nos braços e andou até encontrar um posto da Polícia Militar. Os agentes, ao chegarem no local, no bairro Parque Boa Vista, encontraram cinco pessoas mortas dentro da casa e outra no telhado da residência do vizinho. Os mortos foram identificados como Bruno de Souza dos Santos, conhecido como Índio, 19; Michele Nunes da Silva (filha de Aparecida), 37; Rayane Nunes da Silva Garcia (neta), 22; Rafael da Silva da Motta, 18; Jonathan Nunes Muniz, 16 (netos); Claudemir Pinto Francelino (genro), 33. Índio seria namorado de Rayane.
De acordo com o delegado Rodrigo Coelho, da 165ªDP (Mangaratiba), a principal linha de investigação é disputa pelo tráfico de drogas. “O Bruno dos Santos teria começado a vender drogas na localidade e não queria se subordinar a Robson dos Reis, o Robinho da Junqueira, chefe do tráfico local. Robinho decidiu eliminar Bruno. Ou ele estava na cena do crime ou foi o mandante”, disse.
Ainda na noite de segunda, Bruno percebeu uma movimentação estranha na rua em que morava. Ele levou a companheira e o filho para a casa da sogra. “De alguma forma, os criminosos descobriram onde ele estava escondido e mataram toda a família como queima de arquivo”, afirmou o delegado.
A polícia acredita que dois atiradores participaram da chacina. A perícia encontrou 14 cápsulas de pistola 9 mm e 2 cápsulas de 40 mm, além de 3 projéteis que ainda não foram identificados.
Ao DIA, Aparecida relembrou a cena da tragédia. Moradora de uma residência próxima ao Parque Bela Vista ela recebeu uma ligação de um vizinho falando que ouviu tiros e o choro alto da criança. “Quando cheguei ao local encontrei todos com tiros na cabeça. Meu bisneto estava deitado aos pés do corpo da mãe, Rayane, e chorava muito. Era sangue por todo lado, na sala, na cozinha, nos quartos”, contou Aparecida.
Ela também acredita que o alvo dos criminosos era Bruno, pai de Arthur. “Ele saiu da cadeia há dois meses e estava com planos de procurar emprego pra sustentar o neném”, disse. “Ninguém viu nada. Agora, eu estou com medo por conta do que aconteceu com eles. Vou sair um pouco com meu bisneto”, acrescentou Aparecida, que também tem uma neta de 13 anos que não estava na residência. “Felizmente, ela foi dormir na casa de um colega. Se desesperou por ter perdido os pais e irmãos. É um dia horrível, um luto que nunca esperei passar. Não sei de onde estou tirando forças”, desabafou. Reportagem de Bruna Fantti, Wilson Aquino e da estagiária Luana Dandara