O Dia

Policial civil é preso com arsenal

Acusado de chefe de milícia, ele e mais três foram detidos com arma anti-aérea

- RAFAEL NASCIMENTO rafael.nascimento@odia.com.br

Acusado de ser o líder de uma milícia na Zona Oeste, o oficial de cartório Rafael Luz Souza, de 29 anos, conhecido como Pulgão e atualmente lotado na 5ª DP (Gomes Freire), pode ter atrapalhad­o e vazado informaçõe­s de operações contra grupos paramilita­res quando ele trabalhou na 34ª DP (Bangu). É isso que a Polícia Civil está investigan­do após prender Pulgão, na madrugada de ontem, junto com outros três homens — dois deles ex-PMs expulsos da corporação. Segundo a polícia, eles são acusados de integrar uma milícia que atua em Realengo, Bangu e Campo Grande, na Zona Oeste.

Os três presos com Pulgão são Antônio Carlos de Souza Filho, Célio Alves Palma Júnior e Weslley Rangel Santos. Com os suspeitos, a Corregedor­ia Interna da Polícia Civil apreendeu uma metralhado­ra antiaérea, cinco fuzis, oito pistolas e munição de vários calibres. Segundo a corregedor­ia, os homens estavam comemorand­o seus feitos na boate All In, na Barra. Além do armamento, dois carros roubados e clonados também foram recuperado­s com o grupo. Um deles blindado e avaliado em mais de R$ 140 mil.

A descoberta de que o policial civil é líder de uma das mais sangrentas milícias na Zona Oeste pegou a chefia e colegas de surpresa, na manhã de ontem, em toda a instituiçã­o. Na Polícia Civil desde dezembro de 2013, Pulgão começou a ser investigad­o, há um mês, pela corregedor­ia interna da instituiçã­o. Até então, o motivo da apuração era por má conduta na distrital onde ele trabalhava. Ele, que devia ficar de plantão, faltava para frequentar a boate na Barra da Tijuca, fortemente armado. Durante um mês, a inteligênc­ia da instituiçã­o monitorou o agente e descobriu que ele faltava o serviço para encontrar com outros milicianos.

Por três vezes, a Polícia Civil tentou confirmar da denúncia contra o agente. No entanto, não tiveram êxito. No final da noite de segunda, uma nova denúncia chegou a instituiçã­o e os policiais decidiram averiguar. Uma equipe de policiais civis da Coordenado­ria de Recursos Especiais (Core) entrou na boate à paisana, como clientes. Por sua vez, uma outra equipe ficou do lado de fora esperando que Pulgão saísse, o que demorou seis horas.

Após a abordagem, os policiais não acreditara­m no que encontrara­m com o colega. “Levantamos na inteligênc­ia que ele é o principal líder do grupo-paramilita­r, conhecido como Facção Carobinha, de Campo Grande. Ontem, montamos essa operação e capturamos”, disse o delegado Cristiano Maia, da corregedor­ia.

Pulgão teria dito, na hora da prisão, que ficou aliviado quando viu que a abordagem era para prendê-lo, e não de milicianos, para matá-lo. É que o principal rival do policial, segundo investigaç­ões, é Wellington da Silva Braga, o Ecko, chefe da maior milícia do estado. Ambos disputam o território na Zona Oeste. A polícia investiga se o armamento encontrado é parte do que desaparece­u da 34ª DP.

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