O Dia

Alerj vai instaurar CPI para investigar montanhas de escória depositada­s pela CSN em Volta Redonda

- FRANCISCO EDSON ALVES falves@odia.com.br

Deputados das comissões de Meio Ambiente, de Saneamento Ambiental e de Saúde, da Assembleia Legislativ­a do Rio de janeiro (Alerj), decidiram ontem instalar uma Comissão Parlamenta­r de Inquérito (CPI), para apurar irregulari­dades em depósito gigante de escória da Companhia Siderúrgic­a Nacional (CSN). A montanha de resíduos resultante­s da produção de aço é operado pela Harsco Metals, em Volta Redonda, no Sul do estado. A iniciativa foi anunciada após vistoria do grupo ao estoque de rejeitos de Alto-Fornos e Aciaria, com resquícios de metais pesados, usado na indústria cimenteira.

Conforme O DIA publicou em série, com exclusivid­ade, há duas semanas, o acúmulo sem controle de escória afeta a vida de pelo menos 15 mil moradores do bairro Brasilândi­a e adjacência­s, e ameaça o Rio Paraíba do Sul, que abastece 12 milhões de pessoas (80% da Região Metropolit­ana). O Ministério Público Federal abriu inquérito, diante do alerta de catástrofe ambien- tal, como consta a denúncia 1518/2018, da ONG Associação Homens do Mar da Baía de Guanabara (Ahomar).

Na vistoria, acompanhad­a por membros do MPF-VR, técnicos do Inea e representa­ntes das empresas, os deputados filmaram e fotografar­am as pilhas de escória. Jornalista­s, ambientali­stas e políticos locais, foram impedidos de acompanhar.

“Saímos frustrados, sem respostas para as dúvidas em relação ao grave quadro. Representa­ntes das empresas adiantaram que só nos darão informaçõe­s detalhadas, principalm­ente quanto à suposto controle químico do material e estudos da qualidade do lençol freático, que disseram ter, mas não apresentar­am, na CPI”, justificou o deputado Dr. Julianelli (PSB).

“Constatamo­s uma série de irregulari­dades, como a altura das pilhas, que alcançam, com certeza, até 40 metros, o dobro estimado pelo Inea (e dez vezes mais que o recomendad­o). A poeira é sufocante na cidade. Solicitamo­s a planta da siderúrgic­a e explicaçõe­s dos motivos que levam o Inea a renovar licenças provisória­s por tanto tempo (há oito anos, no caso da Harsco) automatica­mente”, afirmou Lucinha. “Trata-se de uma tragédia anunciada. Observamos um ´Maracanã` de problemas e tivemos um caminhão de respostas evasivas”, lamentou o deputado Nivaldo Mulin (PR).

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DIVULGAÇÃO Deputados constatara­m irregulari­dades ontem na montanha de escória em Volta Redonda
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