Alerj vai instaurar CPI para investigar montanhas de escória depositadas pela CSN em Volta Redonda
Deputados das comissões de Meio Ambiente, de Saneamento Ambiental e de Saúde, da Assembleia Legislativa do Rio de janeiro (Alerj), decidiram ontem instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para apurar irregularidades em depósito gigante de escória da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A montanha de resíduos resultantes da produção de aço é operado pela Harsco Metals, em Volta Redonda, no Sul do estado. A iniciativa foi anunciada após vistoria do grupo ao estoque de rejeitos de Alto-Fornos e Aciaria, com resquícios de metais pesados, usado na indústria cimenteira.
Conforme O DIA publicou em série, com exclusividade, há duas semanas, o acúmulo sem controle de escória afeta a vida de pelo menos 15 mil moradores do bairro Brasilândia e adjacências, e ameaça o Rio Paraíba do Sul, que abastece 12 milhões de pessoas (80% da Região Metropolitana). O Ministério Público Federal abriu inquérito, diante do alerta de catástrofe ambien- tal, como consta a denúncia 1518/2018, da ONG Associação Homens do Mar da Baía de Guanabara (Ahomar).
Na vistoria, acompanhada por membros do MPF-VR, técnicos do Inea e representantes das empresas, os deputados filmaram e fotografaram as pilhas de escória. Jornalistas, ambientalistas e políticos locais, foram impedidos de acompanhar.
“Saímos frustrados, sem respostas para as dúvidas em relação ao grave quadro. Representantes das empresas adiantaram que só nos darão informações detalhadas, principalmente quanto à suposto controle químico do material e estudos da qualidade do lençol freático, que disseram ter, mas não apresentaram, na CPI”, justificou o deputado Dr. Julianelli (PSB).
“Constatamos uma série de irregularidades, como a altura das pilhas, que alcançam, com certeza, até 40 metros, o dobro estimado pelo Inea (e dez vezes mais que o recomendado). A poeira é sufocante na cidade. Solicitamos a planta da siderúrgica e explicações dos motivos que levam o Inea a renovar licenças provisórias por tanto tempo (há oito anos, no caso da Harsco) automaticamente”, afirmou Lucinha. “Trata-se de uma tragédia anunciada. Observamos um ´Maracanã` de problemas e tivemos um caminhão de respostas evasivas”, lamentou o deputado Nivaldo Mulin (PR).