Suspeita de sarampo e risco de paralisia infantil assustam o estado
Suspeita de sarampo em alunos da UFRJ acendeu sinal vermelho. Baixo índice de imunização contra a pólio preocupa o ministério
Quatro alunos da UFRJ fizeram exames para comprovar se estão com sarampo. Resultados saem hoje. Além disso, o Ministério da Saúde emitiu alerta para risco de poliomielite em cinco cidades do Estado do Rio, que estão com imunização abaixo de 50% em crianças menores de 5 anos.
Diante da suspeita de sarampo em alunos da Faculdade Nacional de Direito (FND), a UFRJ e as secretarias municipal e estadual de Saúde vão promover hoje uma vacinação extensiva da comunidade acadêmica do campus, que fica no Centro do Rio. Quatro estudantes foram submetidos a exames para confirmar a doença. Em um deles, o resultado preliminar deu positivo. A confirmação, no entanto, deve ser divulgada pela Fiocruz hoje.
A poliomelite é outra enfermidade que voltou a preocupar. O Ministério da Saúde emitiu alerta em 312 cidades brasileiras que estão com baixa cobertura vacinal da doença. No estado, Japeri, Guapimirim, Vassouras, Casimiro de Abreu e Paraty estão com imunização abaixo de 50% em crianças menores de 5 anos.
A Fiocruz também investiga o local de provável infecção dos alunos da FND. A estudante Ingrid Grandini, 21, do 5º período, foi a primeira a ter o quadro de sarampo confirmado. “Os sintomas começaram no dia 12 de junho. Fui ao médico e me deram diagnóstico de zika. Mas continuei com febres altíssimas, entre 39 e 41 graus, e fui piorando. Como estava muito mal, viajei para São Paulo, onde mora minha família, e lá fui diagnosticada com sarampo”, contou.
Até o momento não haviam sido divulgados casos de sarampo no Rio desde que a doença voltou a aparecer no Brasil, em fevereiro deste ano. Atualmente, há surto no Amazonas e em Roraima com cerca de 500 casos confirmados. No país, a doença foi erradicada há dois anos.
“Quem entrou em contato com o vírus pode se vacinar até quatro dias depois e conseguir se proteger. Por isso é importante que os casos sejam notificados, para quem está no entorno se imunizar de imediato”, explicou o presidente do Instituto Vital Brazil e professor de Doenças Infecciosas da UFRJ, Edimilson Migowski.
A Secretaria de Saúde de São Paulo editou ontem, alerta nível 3, o mais alto, para riscos de sarampo importado no país, sobretudo por conta da Copa do Mundo, já que mais de 65 mil brasileiros foram para Rússia, que tem mais de mil casos da doença neste ano. No Rio, no entanto, nenhum órgão de saúde emitiu alerta.
Em geral, a imunização contra o sarampo é feita em crianças a partir de um ano, nas vacinas dupla, tríplice ou tetraviral, com segunda dose no mínimo um mês depois da primeira. “Acredita-se que essas duas doses na infância darão proteção para o resto da vida, mas nada é impossível na medicina, pode ser que a recomendação mude se observarmos casos em desacordo com isso”, disse o professor.