O Dia

Polícia desmonta esquema da milícia de contraband­o e falsificaç­ão de cigarros

Ação prendeu 12 e deu prejuízo de R$ 2 milhões à milícia, que já tem no fumo sua segunda fonte de renda

- RAFAEL NASCIMENTO rafael.nascimento@odia.com.br

Uma operação da Polícia Civil contra a maior milícia do estado desarticul­ou um esquema de venda de cigarros contraband­eados. Foram 12 pessoas presas, entre eles um PM de UPP e três agentes penitenciá­rios. A polícia estima que as ações deram um prejuízo de R$ 2 milhões ao grupo criminoso Liga da Justiça, chefiado por Wellington da Silva Braga, o Ecko, um dos bandidos mais procurados do Rio e ainda foragido.

Após oito meses de investigaç­ões, foram apreendido­s veículos, jóias, armas, munições e cigarros. Segundo o chefe da Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa, a venda de cigarros, que foi desestabil­izada com a operação, é a segunda maior fonte de renda do grupo, que atua sobretudo na Zona Oeste. A principal arrecadaçã­o da milícia é o transporte alternativ­o, as vans, e a terceira seria o comércio de botijão de gás.

“Foi mais uma operação exitosa. Com a grande quantidade de material apreendido, vamos ter outras. Somente com a prisão, sem a investigaç­ão do braço financeiro, perdemos força. O objetivo é ir atrás do dinheiro que movimenta essa organizaçã­o. É uma organizaçã­o maléfica. Eles se reinventam, o poderio da milícia é vasto. Eles têm reservas financeira­s no mercado ilegal do cigarro, na grilagem de terras, transporte­s e extorsões”, disse Barbosa.

O delegado William de Medeiros Pena Junior, da 37ª DP (Ilha do Governador), contou que o comércio regular de cigarro era proibido pelos milicianos nas regiões dominadas por eles. “As empresas de cigarro legais perderam 60% da rentabilid­ade na região. Só um alvo, que é o ex-PM Ronaldo Santana, movimentou R$ 1,5 milhão. Ele não deixava vender outro tipo de cigarro”, disse Pena Junior.

O chefe de Polícia citou ain- da um ex-PM no grupo. Ele é Ronaldo Santana da Silva, expulso da corporação em 2004, acusado de ser o responsáve­l por contraband­ear cigarros do Paraguai. Ele foi preso em maio e, segundo a polícia, tem duas tabacarias que servem de fachada para lavar o dinheiro do comércio ilegal do fumo.

Antes de deixar a corporação, Santana chegou a ser preso em São Paulo tentando liberar carga de cigarros. Após a expulsão, abriu as empresas para lavar dinheiro e trazer o material ilegal. “Eles tinham batedores armados, que acompanhav­am a carga desde o Paraná”, contou o chefe da Polícia Civil.

Um ex-PM, preso desde maio, teria duas tabacarias para lavar dinheiro do comércio ilegal

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ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA DIVULGAÇÃO Policiais civis prenderam ontem 12 acusados de envolvimen­to com a milícia. Entre eles estão um PM de UPP e três agentes penitenciá­rios
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Além de joias e veículos, foram apreendida­s ontem cargas de cigarros que seriam contraband­eados
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DIVULGAÇÃO A marca Gift é contraband­eada do Paraguai para o Brasil

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