Acusado de corrupção, ministro do Trabalho pede demissão.
Afilhado de Roberto Jefferson seria ‘guiado’ em fraudes na pasta do Trabalho
Apadrinhado político do presidente do PTB, Roberto Jefferson, o ministro do Trabalho Helton Yomura foi afastado pelo Supremo Tribunal do cargo na manhã de ontem e pediu demissão no fim da tarde. O pedido foi prontamente aceito e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, ocupará a pasta, provisoriamente.
A ordem de afastamento, assinada pelo ministro Edson Fachin, foi parte da terceira fase da Operação Registro Espúrio, da Polícia Federal (PF). A Registro Espúrio investiga a venda de registros para sindicatos no Ministério do Trabalho, que é comandado desde o início do governo Temer pelo PTB.
Yomura assumiu o ministério depois que Roberto Jefferson desistiu de emplacar a própria filha, Cristiane Brasil, como titular da pasta. Ambos estão sob investigação da PF sob suspeita de participarem das fraudes.
Segundo a PF, as investigações das duas fases anteriores da Registro Espúrio apontam que “importantes cargos da estrutura do Ministério do Trabalho foram preenchidos com indivíduos comprometidos com os interesses do grupo criminoso”. A decisão final sobre quem preencheria os cargos era de Jefferson, que já foi condenado a 10 anos de prisão no Mensalão.
“Pessoalmente, insisto: não participei de qualquer esquema espúrio no Ministério do Trabalho. E acrescento que minha colaboração restringiuse a apoio político ao governo para que o PTB comandasse a pasta”, tuitou ontem Jefferson.
O gabinete do deputado Nelson Marquezelli (PTB), na Câmara, foi alvo de buscas da PF. “Nós sabemos que essa evolução do número de sindicatos no país, quase 18 mil sindicatos, não é de graça”, disse o parlamentar, negando envolvimento nas fraudes. Foi apreendido R$ 5 mil em dinheiro. “Uso para viagens no interior de São Paulo”, afirmou.
Na autorização para a Operação, Fachin afirma que Yomura e Marquezelli usavam o cargo para tornar viável a atuação da organização criminosa que atuava dentro do ministério, solicitando “tratamento privilegiado a processos de registros sindicais”.
Segundo Fachin, Yomura era “guiado por pessoa estranha à pasta por ele titularizada”. Sobre Marquezelli, o ministro disse que ele tinha “ingerência por meio do assessor Jonas Antunes Lima”, preso ontem e que, diz Fachin, “gerenciava as demandas do parlamentar em relação a registros sindicais”.
Os deputados Jovair Arantes (PTB-GO), Paulo Pereira da Silva (SDD-SP) e Wilson Filho (PTB-GO) também são investigados na operação.