Patrimônio Mundial da Unesco, Cais do Valongo pode perder o título
Um ano após ganhar o título de Patrimônio Mundial da Unesco, o Cais do Valongo realizou a tradicional lavagem do espaço ontem, em meio a um impasse. Por não ter cumprido as exigências como patrimônio, por parte da prefeitura e Ministério da Cultura, o Ministério Público Federal informou que o monumento histórico pode perder a qualificação do órgão internacional.
Uma das exigências era que a criação do Centro de Interpretação, espaço onde os visitantes poderiam conhecer a história do Valongo, o que não foi realizado. O acordo não saiu do papel, porque o Armazém Docas Pedro II, escolhido para executar o projeto, já é usado para a ONG Ação da Cidadania, localizada próximo aos Cais, que recebeu uma ordem judicial para desocupar o espaço até semana passada, o que não ocorreu, pois a ONG entrou com um pedido de suspensão do prazo de desocupação, a ser julgado amanhã.
O prazo para a apresentação do resultado dos estudos é 20 de dezembro de 2019, 48 meses depois da assinatura do acordo de cooperação com a Unesco. A secretária municipal de Cultura, Nilcemar Nogueira, afirma que os primeiros técnicos já foram contratados, inclusive para trabalhar o conceito e o plano museológico do espaço, e que a segunda licitação está em curso.
A lavagem do Cais acontece anualmente no primeiro sábado de julho, mas esse ano foi postergada para o dia de aniversário do título da Unesco. Ya Mãe Edelzuita, que desde 2012 é a responsável pela homenagem, em conjunto com sua casa religiosa, destacou a importância do espaço.
“Comecei a cuidar desses orixás desde 1943. Eu tinha 8 anos, é por isso que eu não deixo barato. Isso é a minha infância, a minha adolescência, a minha juventude. Hoje, eu estou caminhando para os 90 anos, estou aqui pra defender aquilo que eu acredito, a minha raça”.