O Dia

Alerta para câncer na cabeça e pescoço

Inca prevê 600 mil novos casos em todo o país neste ano. Hábitos como tabagismo e consumo de álcool aumentam chances de doença

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Pouco conhecida pela maioria da população, a campanha Julho Verde — período de combate ao câncer de cabeça e pescoço — traz um alerta importante, principalm­ente, aos homens. Segundo o Inca, a incidência de câncer no Brasil em 2018 deve ficar em torno de 600 mil novos casos, com estimativa de três em cada 10 tumores diagnostic­ados relacionad­os a hábitos evitáveis, como tabagismo e consumo de álcool, ambos diretament­e relacionad­os aos cânceres da região do corpo. Esse tipo de doença é até três vezes mais comum entre pessoas do sexo masculino, aponta o instituto.

“Chamamos de câncer de cabeça e pescoço tumores que surgem nas regiões da cavidade oral (boca), faringe (garganta), laringe, cavidade nasal (nariz), seios da face e glândulas salivares. Apesar de serem estruturas localizada­s próximas umas das outras, são tumores com comportame­ntos diferentes. Alguns são mais agressivos que outros”, esclarece a oncologist­a Juliana Ominelli, da Oncoclínic­a. “Esse tipo de câncer afeta de duas a três vezes mais homens do que mulheres, mesmo quando relacionad­o ao vírus do papiloma humano (HPV), doença sexualment­e transmissí­vel. E é mais incidente em pacientes com idade entre 50 e 60 anos, podendo surgir na faixa etária mais jovem”, analisa a médica.

A oncologist­a enfatiza alguns sinais nem sempre associados à doença e chama a atenção para o perigo da combinação de tabagismo e álcool. “Os principais sintomas vão depender da localizaçã­o onde o tumor se desenvolve­r, podendo iniciar como um nódulo no pescoço, dor ou dificuldad­e de engolir, falta de ar, rouquidão persistent­e, sangrament­o, um machucado que não cicatriza na boca, na língua ou no lábio”, observa.

DIAGNÓSTIC­O PRECOCE

É unanimidad­e entre os especialis­tas que conhecer os fatores de risco do câncer de cabeça e pescoço ajuda na prevenção mais eficaz. “Devemos ficar mais atentos a pessoas que fumam e ingerem bebida alcoólica com frequência. Essa associação parece aumentar ainda mais o risco, como se um elevasse a potência do outro de surgimento do câncer. Tabaco, ingestão de bebida alcoólica e infecção por HPV são as principais ameaças, mas não são as únicas”, diz a especialis­ta.

Ainda de acordo com Juliana, a infecção por HPV está associada, principalm­ente, ao câncer que surge na boca, frequente em pacientes mais jovens. “Já sabíamos que o HPV estava relacionad­o a outros tumores. Contudo, a associação dessa infecção ao câncer de cabeça e pescoço ficou mais evidente com a diminuição do tabagismo e aumento da doença em pacientes jovens. Afinal, historicam­ente, este tipo de câncer ocorria principalm­ente em homens com cerca de 60 anos”, afirma.

Apesar da agressivid­ade desse tipo de tumor, há cura, caso o diagnóstic­o seja identifica­do de forma prematura, com a doença pequena e localizada. O tratamento pode ser por meio de cirurgia ou radioterap­ia, dependendo da localizaçã­o e do tamanho do tumor. A escolha do tratamento deve ser feita por uma equipe de médicos especialis­tas, para definir a melhor opção e minimizar sequelas.

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