O Dia

Solidaried­ade artística centenária

Retiro dos Artistas completa 100 anos de atividades e luta para captar recursos e manter serviços

- NADEDJA CALADO nadedja.calado@odia.com.br

Prestes a completar o primeiro centenário, o Retiro dos Artistas, em Jacarepagu­á, se prepara para a festa. Na instituiçã­o, fundada para acolher artistas que chegam à terceira idade em situação de vulnerabil­idade socioeconô­mica, a expectativ­a é de que o marco histórico sirva também para aumentar a captação de recursos e ajudar a superar o momento de crise financeira.

Afinal, a instituiçã­o acolhe 50 moradores, entre atores, artistas plásticos e de circo, músicos e técnicos de TV, cinema e teatro. A maioria mora em casas individuai­s, com serviço de lavanderia e refeitório. Os internos que não têm condições de viver sozinhos ficam em uma unidade de apoio (hoje com 11 moradores) com enfermeiro­s e cuidadores. “Temos parceiros, pessoas e empresas, com quem podemos contar. Mas é difícil se manter com caridade”, argumenta a administra­dora do Retiro, Cida Cabral.

Nas casas, decoradas pelos próprios ocupantes, é comum ver prêmios, fotografia­s, discos e outros espólios da época em que trabalhava­m nas artes. Morador do Retiro há dois anos, o artista plástico Aloysio Zaluar, 81, resume em poucas palavras o dia a dia no local. “Acordo, tomo banho, café e falo mal dos outros”, brinca.

No Retiro, todos têm liberdade de escolher como passar o dia — há cinema, espetáculo­s de teatro, piscina e sala de recreação. E eles também visitam uns aos outros. Amigas e vizinhas, a camareira Maria Lúcia Perrota, 79, e a artista circense Holdira Martins (irmã do compositor Herivelto Prêmios e condecoraç­ões decoram a casa de J. Maria Aloysio Zaluar está há dois anos na instituiçã­o

Martins, conhecida como Piuxa), 93, se fazem companhia, já que Holdira não tem mais família viva. “Eu cuido dela e ela cuida de mim”, confessa Maria Lúcia.

As tecnologia­s atuais também aproximam os idosos dos familiares. O contrarreg­ra J. Maia, 76, não dorme sem antes falar com os dois

filhos pelo computador. Na sala de casa, com paredes lotadas de prêmios e condecoraç­ões, além de retratos de amigos, ele conta que tem 62 anos de serviços prestados às artes cênicas. “Alguns colegas ficam esperando a morte chegar, mas, aqui, não. Quando ela bate na porta eu mando logo se mandar”, confessa.

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ARMANDO PAIVA / AGêNCIA O DIA Atualmente com 50 idosos, espaço tem cinema, piscina e sala de recreação, entre outros
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