A zebra que isolou a Itália do mundo
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A seleção da Coreia do Norte tinha contra o Chile, na Copa de 1966, um jogo de vida ou morte. Depois de estrear com derrota de 3 a 0 para a União Soviética, precisava, no mínimo, de um empate para seguir com chances. O gol de Pak Seung Zin veio só aos 43 minutos do segundo tempo, para delírio da torcida inglesa no Ayresome Park, em Middlesbrough. O placar de 1 a 1 deixava os norte-coreanos vivos. Para o azar da Itália. Jogadores da Coreia do Norte vibram com o gol do empate com o Chile, marcado aos 43 minutos do 2º tempo
No dia 19, no mesmo estádio, a Coreia do Norte impactou o mundo ao vencer por 1 a 0 a Itália e se classificar para as quartas. Pode ser considerada, ao lado da vitória dos EUA sobre a Inglaterra na Copa de 1950, a maior zebra de todas as Copas. A Coreia ainda deu o que falar diante de Portugal — chegou a estar vencendo por 3 a 0, mas permitiu a virada lusa e perdeu por 5 a 3. Já a Itália se viu obrigada a
aplicar no futebol uma política aos moldes da Coreia do Norte: em uma atitude radical, fechou as fronteiras para jogadores estrangeiros. O congresso italiano praticamente impôs à federação uma nova regra para diminuir o número de jogadores estrangeiros no campeonato nacional. Alegavam que os clubes eram mais fortes do que a Azzurra. De 1967 a 1979 as contratações além fronteiras foram impedidas. Os estrangeiros que lá estavam, no entanto, poderiam continuar.
Saiu o técnico Edmondo Fabbri e entrou o linha-dura Ferruccio Valcareggi, adepto de uma boa retranca. Fato é que os italianos mudaram de postura dentro de campo. Conquistaram a Eurocopa de 1968 e foram vice-campeões mundiais em 1970. Curiosamente, só voltariam a ganhar uma Copa do Mundo em 1982, três anos depois do fim do embargo.