NA ONDA DO VISUAL CAMALEÃO
Sofisticadas, feitas à mão ou por máquinas especiais, com materiais importados e cabelos humanos ou sintéticos, as perucas voltam à moda
Modernas, mais leves e resistentes, com cabelos humanos ou sintéticos fixados em bases importadas, perucas voltam à moda no Rio. Apesar dos preços altos, adeptas elogiam praticidade dos acessórios.
Criada no Século 16, no Egito, a peruca, que andava meio fora de moda, voltou a fazer parte do universo feminino. O acessório teve o auge da fama na década de 1970. Os bons de cabeça se lembram de um dos comerciais mais marcantes da TV, em que a atriz Neide Aparecida da Silva — que hoje, com 81 anos, vive no Leblon —, recomendava: “Perucas Lady. Tá?”. Agora, inspiradas em estrelas como Beyoncé, Rihana, Lady Gaga, Anitta, Juliana Paes e Bruna Marquezine, que costumam usar e abusar do artifício, as cariocas redescobrem o adorno.
“É uma solução diária prática”, atesta a atriz Carolina Reichert, 27 anos. Keyla Milanez, 40, bailarina e atriz, usa a peça “sem moderação”. “Me sinto elegante”, justifica. A atendente de telemarketing, Nalva Menezes, 25, conta que precisou usar uma prótese de silicone para disfarçar queda capilar. “Combati o problema, mas continuei ostentando falsos cabelos. Gostei de ser camaleoa”.
A modelo Alhandra dos Santos, 36, radicalizou, ao raspar de vez a cabeça há quatro anos. “Tenho 10 perucas. Meu marido (Márcio dos Santos, 50) brinca que jamais vai se enjoar de mim. Um dia estou morena, e, no outro, loira”, diverte-se.
No Rio, as poucas fábricas que resistem ao tempo e à informalidade da concorrência, ainda não estão de cabelo em pé com a crise. Algumas chegam a pagar R$ 1,2 mil por 100 gramas de madeixas naturais (loiras e sem tinturas são as mais valorizadas).
As perucas modernas são caras. Variam entre R$ 2 mil e R$ 7 mil e são feitas por artesãos qualificados, como na Jakbell, em Copacabana, inaugurada em 1953, e já conhecida nos EUA, Portugal, Angola, Argentina, França, Itália, Inglaterra, África, Alemanha e Espanha. A maioria dos modelitos é lavável e pode até ser submetida a chapinha ou penteado no cabeleireiro.
“Meu pai (o polonês Jakob), que herdou a fábrica do meu avô (Hercko), fez perucas para Jacqueline Kennedy Onassis (que foi esposa do presidente americano, John Kennedy)”, orgulhase Hélcio Jakbell, 53 anos, chamado de Rei das Perucas do Rio.
Nos bastidores dos peruqueiros, histórias emocionantes de superação, de quem venceu o câncer, e também hilariantes. “Teve um cliente que, desconfiado que a esposa era garota de programa, comprou peruca para segui-la, vestido de mulher. Foi um mico, especialmente porque a mulher era inocente”, lembra Hélcio. Na Europa, no passado, a altura dos topetes das perucas era símbolo de poder e status.