Saiba como inutilizar o celular que é furtado
Mudança da Anatel, a partir de 23 de setembro, vai desativar de vez aparelhos irregulares no estado
Sistema de bloqueio começa a funcionar em 23 de setembro. Novidade começaria somente em dezembro, mas foi adiantada a pedido do Gabinete de Intervenção Federal do Rio.
Apartir de 23 de setembro, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vai implantar no Rio um novo sistema de bloqueio de celulares que vai impactar nos aparelhos roubados e adulterados usados no estado. O programa só começaria em dezembro, mas foi adiantado a pedido do Gabinete de Intervenção Federal por conta do alto número de roubos e furtos de celulares. A expectativa é que, com o sistema, esses crimes sejam reduzidos.
“A partir de setembro, os aparelhos irregulares vão receber uma mensagem da operadora sobre o bloqueio. Serão enviadas quatro mensagens e em 75 dias o bloqueio é concluído. A linha telefônica e a rede de internet do aparelho não funcionarão mais”, explicou o gerente de regulamentação da Anatel, Felipe Roberto de Lima, que destaca os estados de Goiás e Brasília como os primeiros a utilizarem o novo sistema.
Os celulares irregulares em uso antes da data não serão bloqueados desde que o número não seja trocado, ou seja, se o cliente não usar um chip com outro número no aparelho.
O consumidor que comprou um celular irregular revendido será impactado da mesma maneira. O bloqueio não pode ser revertido. “Ele terá que recorrer ao vendedor do celular para fazer valer os seus direitos, como o ressarcimento do dinheiro”, disse o representante da Anatel.
A finalidade principal do sistema, no entanto, é que o consumidor seja conscientizado antes mesmo do bloqueio. “Antes de adquirir um aparelho usado ou de procedência duvidosa, o consumidor pode conferir se o celular é regularizado pela Anatel usando o número do IMEI (identificação única e global do aparelho), assim como acontece com a compra de um carro usado”, ponderou Felipe.
Para o delegado da 93ª DP (Volta Redonda) Celso Gustavo, que já implantou uma ação similar a da Anatel em 2016 na 19ª DP (Tijuca) e recuperou diversos celulares, o novo programa vai diminuir de forma preventiva os roubos de furtos de aparelhos. “Quem for informado da novidade pro- vavelmente não vai adquirir um celular irregular ou quem insistir em comprar vai praticamente perder o aparelho, já que a rede não funcionará”.
O presidente do Instituto de Criminalística da América Latina José Bandeira acredita que o consumidor de aparelhos de ‘segunda mão’ também precisa se conscientizar. “O roubo de celular existe por conta da receptação. É como o de cargas. Quem compra abastece uma cadeia de crimes”.
O estudante Raphael Garbayo, de 22 anos, foi assaltado há duas semanas no Centro do Rio. O criminoso, que usava uma pistola, levou seu celular. Ele espera que o sistema da Anatel tenha efeito prático. “Mas quem compra aparelho roubado ou que imagina que seja roubado, muito barato, é quem financia. A população precisa mudar a mentalidade, parar de querer se dar bem”.
Fernando Jubran, 25, foi furtado em janeiro na Lapa e bloqueou o aparelho pela operadora. “O novo sistema pode reduzir os roubos, mas precisa de divulgação. Quando você compra sem nota fiscal, claramente você fomenta o crime”.
Quem insistir em comprar (celular irregular) vai praticamente perder o aparelho, já que a rede não funcionará
CELSO GUSTAVO, delegado da 93ª DP (Volta Redonda)
Da estagiária Luana Dandara, sob supervisão de Claudio Souza