O Dia

PRESOS DOUTOR BUMBUM E A MÃE

Ambos foram detidos quando iam falar com advogado em shopping da Barra. Ele alega que morte de paciente foi fatalidade e que já fez 9 mil procedimen­tos similares

- GUSTAVO RIBEIRO gustavo.ribeiro@odia.com.br RAFAEL NASCIMENTO rafael.nascimento@odia.com.br

Após quatro dias foragidos da Justiça, Denis Furtado e a mãe, Maria de Fátima, foram capturados na tarde de ontem, em shopping da Barra da Tijuca. São investigad­os pela morte da bancária Lilian Quezia Calixto Jamberci, de 46 anos, que se submeteu a procedimen­to estético no apartament­o dele. “Foi fatalidade”, disse.

Depois de quatro dias foragidos, o médico Denis Cesar Barros Furtado — o Dr. Bumbum — e a mãe dele, Maria de Fátima Barros Furtado, foram presos ontem à tarde. Indiciados pela morte da bancária Lilian Calixto, de 46 anos, submetida a um preenchime­nto nos glúteos no apartament­o dele horas antes de morrer, os dois foram encontrado­s por policiais do 31º BPM (Recreio) no escritório de um advogado na Barra da Tijuca.

Denis deu, à imprensa, informaçõe­s diferentes do depoimento do taxista que levou Lilian ao apartament­o dele, no sábado. O taxista Marcelo Felipe da Silva declarou que deixou a bancária por volta das 12h45 e que a esperou até 00h24. Segundo o motorista, quase 12 horas depois, Denis pagou R$ 300 e lhe dispensou, dizendo que levou a paciente para jantar e que ela estava bem. Na 16ª DP (Barra), o médico disse que o taxista foi liberado quando Lilian estava no Barra D’Or, para onde foi levada depois de sentir um enjoo.

“A Lilian me pediu: ‘Guarda as minhas joias e avisa ao meu taxista, para liberar ele (sic)’”, afirmou Denis. Ele relatou que a paciente foi diagnostic­ada com trombose no hospital e que somente sua empregada teria falado com o taxista. O Dr. Bumbum afirmou que fez todos os exames pré-operatório­s e que a paciente informou uso substância­s que agravam o risco de coágulo, como testostero­na. Apesar disso, alegou que não podia recusar o atendiment­o por “ética”. Ele disse que a morte foi uma fatalidade e que já realizou cerca de 9 mil procedimen­tos similares. “Me considero inocente”, alegou.

O médico relatou ainda que fez a bioplastia entre 18h e 19h e que Lilian informou uma leve queda de pressão por volta das 23h. Segundo ele, embora a paciente estivesse bem, preferiu levá-la ao hospital. O Barra d’Or atestou que ela chegou com falta de ar, taquicardi­a e pele azulada. Denis explicou que utilizou 300 ml da substância polimetilm­etacrilato e que o procedimen­to é “minimament­e invasivo”. Ele não respondeu se tinha equipament­os de socorro. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica destacou que qualquer procedimen­to cirúrgico deve ser feito em hospital.

De acordo com o Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj), Denis não tinha registro para atuar como médico no estado — só poderia em Goías e em Brasília (neste último perdeu ontem o registro) — e a mãe está com o registro de médica cassado. O Além de Denis e Maria de Fátima, também foram indiciadas por homicídio doloso qualificad­o e associação criminosa a namorada dele, Renata Cirne, secretária no local, e a técnica de enfermagem Rosilane Pereira da Silva (a única que não teve prisão decretada). As prisões são temporária­s. Mãe e filho devem ser transferid­os hoje para penitenciá­ria em Benfica.

Dênis perdeu registro do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal

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DIVULGAÇÃO PM
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FOTOS DE DANIEL CASTELO BRANCO Denis Barros disse que Lilian tinha risco de desenvolve­r coágulo, mas não podia recusar o atendiment­o por “ética”
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Maria de Fátima, mãe de Denis, estava com registro de médica cassado. Eles prestaram depoimento­s e seguem hoje para o presídio em Benfica

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