O Dia

Alckmin ganha tempo de TV, mas também parceiros complicado­s, e apressa formação de novas alianças

Centrão põe as cartas na mesa

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As cartas ainda podem voltar a se embaralhar nas próximas semanas, mas o chamado Centrão fez na semana que passou o movimento mais importante na definição do cenário real no jogo da sucessão presidenci­al ao fechar acordo com o candidato tucano Geraldo Alckmin, que pode chegar a outubro com o apoio de mais de dez partidos. As cinco legendas que declararam apoio ao ex-governador paulista deram a ele muito tempo de TV - três vezes mais que qualquer dos adversário­s. O outro lado da moeda é a companhia. Um palanque formado pelos caciques de PP, SD, DEM, PRB e PR carrega o peso de uma montanha de denúncias.

O PP é um dos partidos recordista­s em denunciado­s da Lava Jato, com 34 nomes sob investigaç­ão. Em abril, a Polícia Federal bateu as portas do gabinete e da casa do presidente do partido, Ciro Nogueira, suspeito da prática de associação criminosa. O partido é um exemplo da flexibilid­ade do Centrão, sempre pronto a “dar governabil­idade”. Até quinta-feira, considerav­a apoiar Alckmin, Ciro ou mesmo o PT.

O presidente do SD, Paulinho da Força, que impôs como condição a Alckmin o compromiss­o de apoiar novas formas de financiar o funcioname­nto de centrais sindicais, é investigad­o por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

ACM Neto e Rodrigo Maia, os caciques do DEM, são alvos de delações das empreiteir­as OAS e Odebrecht.

“Alckmin não tem um discurso anticorrup­ção”

O PRB, ligado à Igreja Universal, é presidido por Marcos Pereira, que deixou o cargo de ministro da Indústria e Comércio em janeiro, após um áudio em que, supostamen­te, fazia um acerto de propina com Joesley Batista, da JBS.

E o PR, último partido a aderir ao blocão, é comandado por Valdemar da Costa Neto, que já foi condenado a sete anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas acabou indultado. A legenda deverá indicar o vice-presidente da chapa, o empresário mineirop Josué Gomes. “Isso não é ruim paro Alckmin, porque o PSDB já carrega uma imagem de partido corrupto”, acredita o cientista político Sérgio Praça. “Alckmin não tem um discurso anticorrup­ção, então essas investigaç­ões sobre seus aliados não interferem na campanha dele”.

A decisão pelo tucano foi por exclusão, admitem parlamenta­res do Centrão. Apesar da posição pouco favorável nas pesquisas, ele era o candidato que reunia menos inconvenie­ntes e, portanto, vetos. “A decisão foi certamente correta”, avalia o vereador Cesar Maia (DEM), pai e mentor de Rodrigo Maia, liderança maior do Centrão que vai abrir mão da pré-candidatur­a à Presidênci­a e buscar a reeleição para a presidênci­a da Câmara. “O fator decisivo foi chegar a uma unidade que só seria possível com Alckmin”.

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