Homem baleado morre após negativa de socorro
Rômulo Farias Silva, de 24 anos, técnico de empresa prestadora de serviço da Cedae, foi baleado por traficantes em rua de São Gonçalo. Acabou morrendo depois que um bombeiro e um policial se negaram a prestar socorro. O corpo foi resgatado por um colega d
Amorte de Rômulo Farias Silva, 24, morto a tiros na tarde de quarta-feira, quando prestava serviços para a Cedae em São Gonçalo, trouxe à tona os perigos da atuação de trabalhadores das concessionárias de serviços públicos em áreas de risco no estado. Segundo um colega de Rômulo, que também presta serviços para a Cedae e pediu anonimato, atualmente a empresa não pode entrar em boa parte de São Gonçalo. “Temos de fazer só manutenção nessas áreas. E os funcionários que fazem os trabalhos são aqueles que moram e conhecem os locais”, afirmou o técnico.
Outra concessionária que atua em outros municípios fluminenses, a Light, registrou 118 ocorrências contra seus trabalhadores, entre janeiro de 2017 e de 2018, entre elas agressões físicas, sequestros e ameaças de morte. “Profissionais precisam atuar em condições de segurança. Quando há atendimento em áreas de risco, a empresa procura manter contato com associações de moradores e a polícia”, afirmou a empresa em nota. De acordo com a concessionária, 20% dos seus clientes moram em áreas de risco.
Rômulo, que havia começado no emprego havia apenas três dias, seguia com um colega para cortar a água de uma casa na região, mas a dupla foi abordada por criminosos, ordenando que parassem o serviço. Ao tentar fugir, na Estrada de Paciência, com a Rua Eucaliptos, no bairro Maria Paula, foi baleado ao menos duas vezes e caiu em seguida.
Desse momento em diante, as versões das testemunhas e do Corpo de Bombeiros se desencontram. Uma testemunha contou que o socorro foi acionado e um bombeiro disse que não poderia fazer o resgate, alegando estar sem ambulância e sem equipamento adequado, e que só entraria na comunidade com o apoio da PM, já que o local onde o corpo estava não era seguro.
Minutos depois, PMs em duas motocicletas chegaram, e um policial teria dito que não tinha “condições de prestar auxílio naquele momento”. A discussão prosseguiu: “Quando eu pedi uma maca para tirá-lo da comunidade o bombeiro me deu voz de prisão. Foi muita negligência, um abuso de autoridade”, disse a testemunha, que filmou trecho da discussão.
AMBULÂNCIA
Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que os bombeiros se deslocavam em viatura para outra ocorrência, e que acionaram uma ambulância, que seria o veículo adequado para socorro; e que a equipe negou ter dado voz de prisão à testemunha. Procurada, a PM informou que policiais foram ao local e que Rômulo “não tinha como ser socorrido pelas motopatrulhas”.
Na discussão sobre as responsabilidades, quem mais sofre são familiares e amigos de Rômulo, que acreditam que a vida do trabalhador poderia ter sido salva se o socorro tivesse sido mais rápido. Dona Danielle, mãe do jovem, reconheceu o corpo do filho ontem no IML de Tribobó.