O Dia

Prefeito de Japeri seria parceiro do tráfico

Polícia prende prefeito e vereador do município da Baixada por associação com quadrilha de traficante­s que atua na região. Presidente da Câmara está foragido

- GUSTAVO RIBEIRO gustavo.ribeiro@odia.com.br RAFAEL NASCIMENTO rafael.nascimento@odia.com.br

Segundo a Polícia Civil e o Ministério Público, Carlos Moraes (PP) se aliou a traficante­s de drogas para formar curral eleitoral. Ele e o vereador Claudio José da Silva, o Cacau, foram presos na manhã de ontem. Presidente da Câmara dos Vereadores também fazia parte do esquema e está foragido.

Depois a gente acerta na Baixada Carlos Moraes, em ameaça a repórter que acompanhav­a sua prisão

Um curral eleitoral envolvendo o prefeito e dois vereadores de Japeri, que tinham como aliado o braço armado de bandidos perigosos, está no centro das investigaç­ões de associação ao tráfico contra o grupo. O prefeito Carlos Moraes Costa e o vereador Claudio José da Silva, presos ontem, e o presidente da Câmara Municipal, Wesley George de Oliveira, que está foragido (todos do PP), são acusados de facilitare­m a atuação de facção criminosa no município até com a liberação de bailes funk promovidos por traficante­s.

A Justiça decretou a suspensão dos direitos políticos do trio. Na denúncia do Ministério Público (MPRJ), constam escutas telefônica­s do prefeito e do vereador Claudio, o Cacau, com Breno da Silva de Souza, o BR, líder da facção Amigos dos Amigos (ADA) em Japeri, preso semana passada. Jenifer Aparecida Kaizer de Matos, que não tinha cargo público e seria um elo entre os políticos e o traficante, também teve contatos gravados com o traficante e foi presa ontem. A associação existiria pelo menos desde janeiro de 2017.

Em 7 de outubro de 2017, Breno ligou para o prefeito e pediu ajuda para suspender uma ação do 24º BPM que interrompe­ria um baile do tráfico no Complexo do Guandu, chefiado por BR. O prefeito ainda ligou várias vezes para Breno, pediu desculpas por não ter conseguido e deu informaçõe­s sobre a operação. No dia seguinte, Carlos Moraes disse a Breno que iria procurar o comandante do 24º BPM, acompanhad­o de Wesley, o Miga, para “alinhar” com ele, e o traficante recebeu ligação do vereador Cláudio se compromete­ndo em avisar a Miga sobre a insatisfaç­ão do bando com Neném. Os policiais serão investigad­os pelo MPRJ. A PM não quis se pronunciar.

“Se de um lado os ora denunciado­s usam seus cargos públicos para atender aos interesses da organizaçã­o criminosa, de outra banda, se beneficiam na medida em que constroem um verdadeiro ‘curral eleitoral’, imune à ação de adversário­s políticos, eis que ninguém ousa desafiar o poderio bélico do tráfico”, afirmou o MPRJ, que também destacou o poder dos bandidos com ameaça e violência para impor suas regras aos moradores do Guandu.

Em conversa intercepta­da pelo MPRJ, Cacau e Jenifer planejaram fraudar licitação de duas creches no Guandu. O dinheiro, destinado à construção, seria desviado para o tráfico. Segundo a promotoria, BR indicaria a construtor­a. As creches, que não foram construída­s, poderiam gerar votos. O material apreendido nas casas dos presos será periciado para apurar licitação benéfica ao tráfico.

Se beneficiam (acusados) na medida em que constroem um curral eleitoral, imune à ação de adversário­s políticos MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO DE JANEIRO

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ESTEFAN RADOVICZ
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ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA Ao chegar à Cidade da Polícia, o prefeito Carlos Moraes, de preto, ainda ameaçou jornalista­s: ‘A gente se acerta na Baixada’
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MAÍRA COELHO No prédio da prefeitura, funcionári­os evitaram falar sobre as prisões. Um revólver foi apreendido pela polícia no gabinete do prefeito ontem
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ESTEFAN RADOVICZ Vereador Claudio, o Cacau, planejou fraudar licitação, segundo MPRJ

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