Prefeito de Japeri seria parceiro do tráfico
Polícia prende prefeito e vereador do município da Baixada por associação com quadrilha de traficantes que atua na região. Presidente da Câmara está foragido
Segundo a Polícia Civil e o Ministério Público, Carlos Moraes (PP) se aliou a traficantes de drogas para formar curral eleitoral. Ele e o vereador Claudio José da Silva, o Cacau, foram presos na manhã de ontem. Presidente da Câmara dos Vereadores também fazia parte do esquema e está foragido.
Depois a gente acerta na Baixada Carlos Moraes, em ameaça a repórter que acompanhava sua prisão
Um curral eleitoral envolvendo o prefeito e dois vereadores de Japeri, que tinham como aliado o braço armado de bandidos perigosos, está no centro das investigações de associação ao tráfico contra o grupo. O prefeito Carlos Moraes Costa e o vereador Claudio José da Silva, presos ontem, e o presidente da Câmara Municipal, Wesley George de Oliveira, que está foragido (todos do PP), são acusados de facilitarem a atuação de facção criminosa no município até com a liberação de bailes funk promovidos por traficantes.
A Justiça decretou a suspensão dos direitos políticos do trio. Na denúncia do Ministério Público (MPRJ), constam escutas telefônicas do prefeito e do vereador Claudio, o Cacau, com Breno da Silva de Souza, o BR, líder da facção Amigos dos Amigos (ADA) em Japeri, preso semana passada. Jenifer Aparecida Kaizer de Matos, que não tinha cargo público e seria um elo entre os políticos e o traficante, também teve contatos gravados com o traficante e foi presa ontem. A associação existiria pelo menos desde janeiro de 2017.
Em 7 de outubro de 2017, Breno ligou para o prefeito e pediu ajuda para suspender uma ação do 24º BPM que interromperia um baile do tráfico no Complexo do Guandu, chefiado por BR. O prefeito ainda ligou várias vezes para Breno, pediu desculpas por não ter conseguido e deu informações sobre a operação. No dia seguinte, Carlos Moraes disse a Breno que iria procurar o comandante do 24º BPM, acompanhado de Wesley, o Miga, para “alinhar” com ele, e o traficante recebeu ligação do vereador Cláudio se comprometendo em avisar a Miga sobre a insatisfação do bando com Neném. Os policiais serão investigados pelo MPRJ. A PM não quis se pronunciar.
“Se de um lado os ora denunciados usam seus cargos públicos para atender aos interesses da organização criminosa, de outra banda, se beneficiam na medida em que constroem um verdadeiro ‘curral eleitoral’, imune à ação de adversários políticos, eis que ninguém ousa desafiar o poderio bélico do tráfico”, afirmou o MPRJ, que também destacou o poder dos bandidos com ameaça e violência para impor suas regras aos moradores do Guandu.
Em conversa interceptada pelo MPRJ, Cacau e Jenifer planejaram fraudar licitação de duas creches no Guandu. O dinheiro, destinado à construção, seria desviado para o tráfico. Segundo a promotoria, BR indicaria a construtora. As creches, que não foram construídas, poderiam gerar votos. O material apreendido nas casas dos presos será periciado para apurar licitação benéfica ao tráfico.
Se beneficiam (acusados) na medida em que constroem um curral eleitoral, imune à ação de adversários políticos MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO DE JANEIRO