Uma parceria que deu certo
Daniel Warren e Leandro Daniel falam do sucesso em ‘Deus Salve o Rei’ e dos planos para depois da novela
Durante sete meses, os conselheiros Orlando (Daniel Warren) e Petrônio (Leandro Daniel) conseguiram fazer o público rir, mesmo com seus personagens fazendo coisas erradas e sempre atrás de poder, em ‘Deus Salve o Rei’, da Globo. Integrantes do núcleo de Rodolfo (Johnny Massaro) e Lucrécia (Tatá Werneck), os emissários marcaram seu espaço na história e vão deixar saudade.
“Quando recebemos o capítulo 150, eu falei: ‘Dani, a esta altura já podemos dizer que a nossa parceria deu certo. Conseguimos!’. Vi que ele se emocionou, mas tentou esconder”, revela, aos risos, o ator Leandro Daniel sobre o colega de cena Daniel Warren.
DESFECHO
Para os intérpretes, o final da dupla não poderia ser diferente. Na verdade, eles não terão um final. Pelo menos, não um desfecho clássico. “Petrônio e Orlando representam a perpetuação dos laços do sistema. Continuarão sendo os mesmos, fazendo as mesmas coisas. São engraçados, mas fizeram muita coisa errada. Entretanto, como não têm grande representatividade no reino, não foram descartados”, explica Leandro.
“De alguma maneira vejo isso muito no Brasil: pessoas que passam a vida inteira junto ao poder, utilizando-se da ‘máquina’, em um mesmo lugar, fazendo a mesma coisa, atendendo a demandas, viciando relações e sistemas, sem acrescentar nada. Tudo isso somente para manter o status quo”, acrescenta.
COERÊNCIA
Segundo Warren, que pela primeira vez fez uma novela inteira, esse ‘fim’ é bem coerente com o caminho trilhado pela dupla de conselheiros. “Apesar de estarem na chave da comédia, podemos dizer que eles têm o caráter duvidoso, no mínimo. Estão e estarão sempre orbitando o poder, obser- vando a melhor oportunidade para tirar proveito para si mesmo. Então, é natural que continuem assim”, atesta.
BALANÇO
Com o fim dos trabalhos na última sexta-feira, Daniel e Leandro têm no peito a sensação de dever cumprido.
“Posso dizer que foi uma das experiências mais fantásticas que tive em minha vida. Participar de um projeto no qual estão envolvidas mais de 350 pessoas é algo grandioso. Não teve um dia de gravação que eu não fosse invadido por esse sentimento de estar fazendo parte de algo épico. E acredito que esse era o sentimento de toda a equipe”, diz Daniel.
“Falávamos de um lugar fictício, num período em que o Brasil nem havia sido descoberto e cujas referências não são próximas a nós. Precisávamos ainda dar credibilidade a este universo. Por isso, trabalhamos muito, muito mes- mo. Construímos tudo juntos. Talvez tenha sido exatamente este envolvimento que nos tornou próximos, solidários e muito ligados”, completa Leandro.
TRUPE
A parceria deles com Johnny Massaro (Rodolfo) e Tatá Werneck (Lucrécia) foi também o ponto alto da novela. “As cenas de Rodolfo, Petrônio e Orlando no princípio da novela já eram muito engraçadas e cheias de humor. A partir do capítulo 30/35, com a entrada de Lucrécia, Heráclito (Marcos Oliveira) e Latrine (Júlia Guerra) isso ficou potencializado”, aponta Daniel.
E o parceiro dele de cena vai além: “Johnny e Tatá tinham uma responsabilidade ainda maior. Poderiam ter se fechado em suas personagens, mas quiseram trabalhar junto conosco. Sempre com grande generosidade abriam as cenas e assim pudemos trocar muitas ideias. Creio que formamos mesmo uma trupe, que poderia fazer muito mais juntos”, analisa Leandro.
Agora, enquanto se preparam para assistir ao fim da novela amanhã, eles seguem suas rotinas. “Vou descansar alguns dias e logo em seguida reestreio meu monólogo, ‘Pontos de Vista de um Palhaço’, em São Paulo. De 31 de agosto até 2 de setembro, no Sesc da Av. Paulista. E, no dia 3 de setembro, começo temporada no Teatro Viga, até meados de outubro” avisa Daniel Warren.
Já Leandro Daniel prepara a sua segunda direção teatral da carreira com o texto ‘O Tempo e o Lugar’ (“Sem dúvida será meu maior desafio artístico até hoje”, diz Leandro) e estreará o espetáculo ‘Vencecavalo e o Outro Povo’.
“Esta é uma comédia que fala de nossa brasilidade, do que é ser brasileiro. Desde os tempos da colonização até a interferência na segurança do presidente norte-americano. Eu devo fazer mais de uma personagem, além de dirigir a peça. Estamos trabalhando muito para estrear em 2019 no Rio de Janeiro”, planeja.