‘Falamos de sonhos e esperança’
Criado por Tadeu Aguiar, projeto Teatro Jovem leva peças a escolas de todo país para formar nova plateia
Completando 23 anos de existência em 2018, o projeto Teatro Jovem desenvolve desde então uma pesquisa de linguagem teatral para a juventude e já foi visto por mais de 3 milhões de espectadores, em grande parte do Brasil. Hoje, ele se apresenta na cidade, às 10h, para os alunos do Liceu de Artes e Ofícios, no Centro do Rio, com o espetáculo ‘Uma Comédia sem Juízo’.
“A peça é sobre a história de um teatro que está sendo fechado, porque o dono acha que ele não dá lucro. Então, decide destruí-lo pra construir um estacionamento”, conta Tadeu Aguiar, diretor, produtor e idealizador do projeto.
“O grupo do teatro fica muito triste em saber que aquele espaço onde a liberdade existe para dizer coisas importantes, para transformação do ser humano, vai acabar. Eles decidem se reunir pra fazer o último espetáculo, numa peça que fala sobre pequenos delitos, como colar na prova, falsificar carteira, parar em fila dupla. Coisas que fazemos no dia a dia, achamos pequenas coisas, que na verdade são a base da formação da nossa personalidade ética”.
TRANSFORMAÇÃO
A ideia da montagem, que fez 14 apresentações gratuitas na cidade e depois daqui vai se apresentar em escolas da rede pública de São Paulo, é lançar luz sobre a importância da cultura, em especial do teatro, como instrumento de reflexão da sociedade. “Idealizei esse projeto quando estava fazendo uma turnê com uma peça pelo Brasil e só via na plateia senhores. Comecei a achar que o teatro também precisava de um público jovem, que tivesse desejo de ir ao teatro”, lembra Tadeu, sobre o projeto que conquistou o apoio institucional da UNESCO.
Tadeu e Eduardo Bakr, premiado autor, que assina todos os textos das montagens, coordenam o Teatro Jovem aliando diversão e reflexão, com o intuito também de desenvolver um olhar crítico.
“Falamos sobre temas importantes para essa garotada. Fazemos apresentações em escolas particulares e também em escolas públicas, onde os jovens muitas vezes não teriam chance de assistir a um espetáculo teatral de qualidade”, diz Tadeu.
“Já falamos sobre bullying na escola e a descoberta do sonho, por exemplo. Em vez de falarmos sobre drogas, falamos sobre sonhos. Sobre drogas todos falam, está na TV o tempo todo. Mas quando falamos de sonhos, damos ao jovem esperança de não usar a droga”, conclui. “Muitos que assistiram nossas peças se encantaram com o teatro e se tornaram atores depois. O Leonardo Miggiorin é um deles. Ele assistiu pela primeira vez em Curitiba um espetáculo nosso”.
Aguiar sonha com a vida longa do projeto. “Já são 23 anos e não vou desistir. Sonho que ele consiga sobreviver, mesmo às vezes sem patrocínio, apoio econômico. É incrível neste país como muitas vezes as empresas não se interessam por espetáculos que passam em escolas, achando que isso não dá visibilidade. Se fosse em qualquer outro lugar do mundo, o projeto seria apoiado não só pelo governo, como por empresas, visando a formação de um ser humano mais crítico, com olhar mais apurado, que saiba ler o universo e os homens de uma maneira profunda”, diz.
Falamos sobre temas importantes para essa garotada. Fazemos apresentações em escolas particulares e públicas” TADEU AGUIAR