O Dia

Hospital da PM em estado de abandono

Salas de exames estão fechadas há três anos, por causa de equipament­os quebrados, e falta material básico, como gaze e luvas

- RAFAEL NASCIMENTO rafael.nascimento@odia.com.br

Salas de exame estão fechadas há três anos, pela falta dos equipament­os que estão quebrados. Não há itens básicos de atendiment­o, como gaze e luvas. Pacientes são levados para unidades de saúde conveniada­s.

“Estamos trabalhand­o em um hospital de guerrilha”. Esse é o desabafo de médicos e enfermeiro­s do Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), no Estácio. Criado há mais de 40 anos para atender PMs e seus familiares, atualmente o local não tem material básico para atendiment­o, como gazes e luvas. Salas de exames estão fechadas há três anos, com aparelhos quebrados, e pacientes são redirecion­ados a unidades conveniada­s para procedimen­tos.

“É lamentável ver o que se tornou o HCPM. Esperamos horas para atendiment­o e quando acontece, não tem material adequado”, disse um policial que não quis se identifica­r. Por dia, a unidade recebe cerca de 300 pessoas. Em um relatório que o DIA teve acesso é possível constatar a falta de vários materiais, como gazes, sonda de aspiração, coletor de urina, seringas, lençóis descartáve­is e fio de sutura.

E quem precisa de atendiment­o dorme na fila, como a mulher de um PM reformado, que preferiu manter o anonimato. “Há quatro anos eu tento uma consulta para eles diagnostic­arem as minhas varizes. Nunca tinha vaga. Como comecei a sentir muitas dores, tive que dormir na fila — há 15 dias atrás — para conseguir apenas uma consulta”.

Há quatro anos, a corporação inaugurou as salas de Hemodinâmi­ca (para exames como cateterism­o e angioplast­ia) e Ressonânci­a Magnética, que pararam de funcionar desde 2015. De acordo com funcionári­os, as peças estão quebradas e não teve licitação para repor os equipament­os. Por conta disso, pacientes precisam recorrer a hospitais conveniado­s: no Centro de Medicina Nuclear da Guanabara e no Hospital do Coração de Duque de Caxias, que em nota, confirmou o convênio e ressaltou que nada é cobrado do usuário.

No Fundo de Saúde da Polícia Militar (Fuspm), convênio de saúde que auxilia agentes e parentes em todo o estado, são cerca de 200 mil segurados — entre eles, PMs da ativa, inativos e seu familiares. Atualmente, existem cerca de 21.516 PMs nos 39 batalhões espalhados pelo 92 municípios do Rio. Cada PM tem em folha descontado quase 10% para o fundo. Na ponta do lápis, esse convênio recebe anualmente mais de R$ 120 milhões, o que deveria ser investido nas estruturas de saúde da corporação.

A falta de profission­ais também é um problema. Em uma enfermaria do HCPM existem 37 pacientes internados. Para cuidar desses doentes, apenas três técnicos de enfermagem. O ideal seria pelo menos 10.

Até o fechamento desta edição, a PM e a Secretaria de Segurança não haviam se pronunciad­o.

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ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA Falta de profission­ais é problema: em uma enfermaria, são três técnicos para cuidar de 37 pacientes

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