Hospital da PM em estado de abandono
Salas de exames estão fechadas há três anos, por causa de equipamentos quebrados, e falta material básico, como gaze e luvas
Salas de exame estão fechadas há três anos, pela falta dos equipamentos que estão quebrados. Não há itens básicos de atendimento, como gaze e luvas. Pacientes são levados para unidades de saúde conveniadas.
“Estamos trabalhando em um hospital de guerrilha”. Esse é o desabafo de médicos e enfermeiros do Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), no Estácio. Criado há mais de 40 anos para atender PMs e seus familiares, atualmente o local não tem material básico para atendimento, como gazes e luvas. Salas de exames estão fechadas há três anos, com aparelhos quebrados, e pacientes são redirecionados a unidades conveniadas para procedimentos.
“É lamentável ver o que se tornou o HCPM. Esperamos horas para atendimento e quando acontece, não tem material adequado”, disse um policial que não quis se identificar. Por dia, a unidade recebe cerca de 300 pessoas. Em um relatório que o DIA teve acesso é possível constatar a falta de vários materiais, como gazes, sonda de aspiração, coletor de urina, seringas, lençóis descartáveis e fio de sutura.
E quem precisa de atendimento dorme na fila, como a mulher de um PM reformado, que preferiu manter o anonimato. “Há quatro anos eu tento uma consulta para eles diagnosticarem as minhas varizes. Nunca tinha vaga. Como comecei a sentir muitas dores, tive que dormir na fila — há 15 dias atrás — para conseguir apenas uma consulta”.
Há quatro anos, a corporação inaugurou as salas de Hemodinâmica (para exames como cateterismo e angioplastia) e Ressonância Magnética, que pararam de funcionar desde 2015. De acordo com funcionários, as peças estão quebradas e não teve licitação para repor os equipamentos. Por conta disso, pacientes precisam recorrer a hospitais conveniados: no Centro de Medicina Nuclear da Guanabara e no Hospital do Coração de Duque de Caxias, que em nota, confirmou o convênio e ressaltou que nada é cobrado do usuário.
No Fundo de Saúde da Polícia Militar (Fuspm), convênio de saúde que auxilia agentes e parentes em todo o estado, são cerca de 200 mil segurados — entre eles, PMs da ativa, inativos e seu familiares. Atualmente, existem cerca de 21.516 PMs nos 39 batalhões espalhados pelo 92 municípios do Rio. Cada PM tem em folha descontado quase 10% para o fundo. Na ponta do lápis, esse convênio recebe anualmente mais de R$ 120 milhões, o que deveria ser investido nas estruturas de saúde da corporação.
A falta de profissionais também é um problema. Em uma enfermaria do HCPM existem 37 pacientes internados. Para cuidar desses doentes, apenas três técnicos de enfermagem. O ideal seria pelo menos 10.
Até o fechamento desta edição, a PM e a Secretaria de Segurança não haviam se pronunciado.