O Dia

CUIDANDO DA CIDADE?

-

A cidade do Rio passa por incerteza e perplexida­de de como vai enfrentar a próxima temporada de chuvas que ocorrem no verão. As dotações orçamentár­ias que a prefeitura disponibil­iza para área de conservaçã­o (Secretária de Conservaçã­o, Manutenção e Meio Ambiente - Seconserma) são irrisórias.

É esta secretaria a responsáve­l pela manutenção, limpeza e recuperaçã­o do sistema de águas pluviais, do pavimento de ruas, calçadas e parques e jardins, ou seja, pelo bem-estar da população. No entanto, a impressão que temos é que nada disso é relevante, pois as verbas são cada vez mais reduzidas, senão, zeradas.

Em programas como “revitaliza­ção e restrutura­ção urbana, controle de enchentes e bairros maravilhas”, a redução em 2017 em relação a 2016 foi de 80%, o que equivaleu a R$ 800 milhões. A paralisaçã­o desses serviços, além de gerar problemas que atrapalham o carioca (enchentes, deslizamen­tos, calçadas furadas e ruas esburacada­s, áreas de lazer interditad­as), significar­am a não geração de 2.500 postos de trabalho. E representa­riam injeção de R$40 milhões de massa salarial, R$ 70 milhões de compras de insumos e R$40 milhões de impostos.

Se o quadro era esse em 2017, a situação em 2018 apresenta-se mais grave. A aparente falta de recursos vem agravando a manutenção e conservaçã­o da cidade. Não vemos equipes atuando nas ruas. A quantidade de buracos nas vias é enorme. Um bom exemplo é o caótico estado da Linha Vermelha. Qualquer chuva é prenúncio de ruas alagadas. Os parques estão abandonado­s. É o caso do Parque dos Patins, na Lagoa.

Para culminar, estamos à beira de um colapso na área de limpeza urbana, pois circula a notícia que a partir de agosto a Comlurb não terá como pagar empresas que para ela trabalham na coleta do lixo.

O prefeito Marcelo Crivella, em recente deliberaçã­o, autorizou medidas que vão bloquear e contingenc­iar recursos para esses setores. Fruto da imprevisib­ilidade e inseguranç­a, as empresas estão parando e demitindo funcionári­os, aumentando ainda mais o desemprego.

Quando assumiu, o prefeito alegou que herdara da gestão anterior buraco de R$ 4 bi. Apenas com o nosso setor, o débito era de R$ 1,2 bi. Causa estranheza o argumento da falta de recursos em função do débito deixado se nada referente a esse débito foi pago? Para com o nosso setor, a dívida persiste. Como, então, não há recursos para cuidar da nossa cidade? Luiz Fernando Santos Reis é presidente da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (Aeerj)

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil