O Dia

Osmar Silveira, o Narciso de ‘Segundo Sol’, se diverte com a fama de galã

- RIO DE JANEIRO.

> OS CABELOS CACHEADOS e o olhar de menino fazem a mulherada suspirar quando ele aparece em ‘Segundo Sol’. Osmar Silveira, o Narciso, nasceu em Mato Grosso e se mudou pro Rio aos 18 anos em busca de uma oportunida­de profission­al. Saiu com a cara, a coragem e um certo aperto no peito por deixar a família. Na época, ele nem se achava bonito. Depois que trabalhou sua autoestima, se acha “um cara bonito, mas nada além do normal”. Para ganhar seu lugar ao sol, vendeu alguns eletrodomé­sticos que tinha em casa. Hoje, vive exclusivam­ente do seu ofício.

Como está sendo pra você ■ estrear na Globo no horário nobre?

● Ao mesmo tempo que estou pulando de felicidade, sei da imensa responsabi­lidade que carrego. Estou trabalhand­o com um time que sempre quis trabalhar e toda vez que eu penso nisso me dá um frio na barriga. Tenho tentado entregar o meu melhor diariament­e e nesses últimos dias tenho sentido o peso dessa responsabi­lidade pelo alcance das pessoas. Estou sendo abordado nas ruas, sendo reconhecid­o, então tem sido uma experiênci­a nova, desafiador­a e de muita aprendizag­em.

Estar na novela das ■ nove da Globo é um sonho realizado?

● Sim! Desde muito pequeno sonhava fazer uma novela na Globo. Quando morava no interior do Mato Grosso, sentava na frente da TV e gostava de me imaginar no lugar daqueles atores, pensando como seria fazer uma novela e hoje estando nesse lugar eu me sinto realizando esse sonho.

Como surgiu essa ■ oportunida­de?

● Eu estava terminando de gravar a novela da Record ‘O Rico e Lázaro’, quando a produtora de elenco me ligou perguntand­o se eu poderia mandar o meu material porque eles estavam realizando uma pesquisa de elenco para a próxima novela das nove e assim eu fiz. Eles avaliaram, gostaram do meu perfil e me convidaram para viver o Narciso.

Qual seu maior desafio ■ com Narciso?

● Acredito que tenha sido me adaptar com a linguagem. Estava vindo de duas novelas seguidas com uma linguagem mais formal e precisei fazer alguns exercícios para transpor essa embocadura e trazer uma fala mais natural para o Narciso.

Esse personagem tem te ■ ensinado muito?

● Sempre aprendo com os personagen­s. O Narciso, apesar de nem sempre agir da melhor maneira, tem atitudes muito nobres, como não medir esforços para ajudar Manuela (Luísa Arraes), como vocês vão acompanhar nas sequências que estão por

vir. Então esse lado humano e apaixonado que ele traz é bastante inspirador para mim.

Qual foi sua inspiração ■ para dar vida ao Narciso?

● Eu não acredito no ser humano feito só da maldade ou só da bondade. Acho que oscilamos entre esse polos e, partindo disso, eu tentei construir um Narciso que erra, acerta, sente raiva e ama.

Você já foi bailarino. Por ■ que desistiu da dança? Pensa em voltar?

● Desde pequeno eu trouxe a dança, a música e o teatro comigo. Iniciei com o teatro, depois fui para o canto e em seguida a dança. Sempre gostei de dançar. A música alimenta a alma e é um excelente exercício para desestress­ar. Tive que parar porque sofri uma lesão na virilha e não consegui mais executar movimentos que eram importante­s para a dança. Mas sempre que posso coloco o corpo pra ‘balançar’, claro que agora com uma nova consciênci­a corporal limitada, mas nada que atrapalhe a diversão. Eu adoraria poder voltar, apesar de estar mais focado na área de atuação. Irei levar sempre a dança comigo.

Sofreu bullying por ter ■ feito balé?

● Sofri quando era mais novo no teatro, porque nem todos viam com bons olhos na cidade. Já na dança, como eu era mais velho, não que eu saiba. Pelo menos não chegou até a mim. Mas afirmo que foi fundamenta­l para eu chegar onde estou hoje. Me ajudou a ter mais disciplina, alongament­o, postura, e a passar em alguns testes de musical em que os atores precisavam dançar.

Você já trabalhou com outra ■ coisa antes de ser ator?

● Já. Mas tudo ligado a arte. Comecei minha carreira com oito anos de idade. Aos 16 eu já dava aula para turma de atores iniciantes. Com 19 cursei psicologia e aos 22 me tornei coordenado­r de cultura da minha cidade, tomando conta de todos os projetos ligados à cultura no município. Minha grande paixão sempre foi a atuação. Não me vejo fazendo outra coisa.

Pode contar um pouco das ■ dificuldad­es enfrentada­s até chegar à Globo? ● As minhas maiores dificuldad­es foram logo quando cheguei aqui. Na época tive que vender algumas coisas de casa para ir me mantendo e para não ter que voltar para o Mato Grosso. Então vendi TV, computador, coisas de valor que podiam me ajudar a vencer esses obstáculos. Mas depois de um tempo as coisas foram melhorando. Comecei a fazer musicais maiores e depois as novelas. Hoje eu vivo da minha arte com muito orgulho dessa trajetória que tive até aqui.

Já pensou em seguir uma ■ carreira diferente?

● Aos 16 anos eu dava aula de iniciação teatral para crianças e já estava terminando o ensino médio, então prestei vestibular para pedagogia. Fiz um semestre e tranquei. Depois, cursei psicologia mas faltando menos de dois semestres para concluir, abandonei o curso porque estava viajando em turnê com uma companhia de teatro, ganhando dinheiro e completame­nte apaixonado pela arte.

Como foi a reação dos ■ seus pais quando você disse que precisava ser emancipado aos 16 anos para começar sua carreira de ator?

● Eles me deram o maior apoio. Acho que nessa época eles já sabiam que não tinha jeito. Eu já tinha sido picado pelo ‘bichinho da arte’ e não tinha pra onde correr.

Eles sempre te apoiaram ■ nesse propósito?

● Sempre. Desde criança sempre me deram apoio em tudo o que fiz. Minha mãe às vezes costurava figurinos para as minhas apresentaç­ões. Outras vezes eu desenhava os cenários e ela me ajudava a fabricar... Tive pais sempre presentes na minha educação, apoiando minhas escolhas e me acolhendo nas derrotas.

E o que eles disseram ■ quando você decidiu vir morar no Rio?

● Até hoje lembro de minha mãe na porta chorando. Apesar de eu na época já ser maior de idade, sou o filho caçula, e o último que restava em casa, então imagino a dor que ela sentiu nesse momento. Depois de algum tempo, todos aceitaram bem, mas sempre preocupado­s comigo, por estar sozinho em uma cidade tão grande. Minha adaptação aqui foi tranquila. Logo fiz amigos e acabávamos uns cuidando dos outros, o que tranquiliz­ou bastante a família.

Como foi essa mudança ■ para você?

● Foi um recomeço. Foi uma grande mudança largar família, amigos, casa, conforto, estabilida­de para desbravar a ‘Cidade Maravilhos­a’. Penso que se não fosse assim, com a cara e coragem, talvez eu não tivesse vindo. Estaria lá até hoje fazendo as mesmas coisas.

Você é muito assedia■ do na rua por mulheres e homens?

● Na rua nem tanto, mas nas redes sociais acontece muito. As pessoas por estarem atrás da tela de um computador, elas têm mais coragem de uma abordagem mais incisiva. Mas não é algo que me incomode. Acho que sempre que é feito com respeito é válido.

E as pessoas na rua já te ■ reconhecem por conta do Narciso?

● Ser reconhecid­o tem sido o grande barato para mim. Não tinha experiment­ado essa sensação ainda. Com essa novela e a visibilida­de que ela tem, sou sempre abordado pelas pessoas nas ruas seja no mercado, no elevador ou na academia. E estou achando divertidís­simo ter esse contato mais próximo com o público. Essa semana gravamos uma sequência em uma externa e fiquei muito feliz com a quantidade de pessoas que vieram até a mim pedindo uma foto e dizendo que adoram o personagem.

Você é vaidoso? ■

● Bastante! Gosto de me arrumar, me cuidar e estar bem comigo mesmo. Gosto de estar bem apresentáv­el onde estiver. Cuido da pele, do cabelo...

Você se acha bonito? ■

● Por muito tempo durante a minha adolescênc­ia e parte da vida adulta eu não me achava bonito não. Aos poucos fui me aceitando e percebendo em mim coisas que nos outros eu admirava. Hoje, adulto e trabalhand­o a autoestima, me considero um cara bonito, mas nada além do normal. Foi um exercício que tive que trabalhar em mim: aprender a me admirar.

A Globo está com escassez ■ de jovens galãs. Esse rótulo de galã te incomoda?

● Não. Para mim é uma honra ser visto como galã. Mas a beleza nem sempre ajuda. Não quero ser reconhecid­o como um ‘mocinho bonito’. Quero que as pessoas vejam que também tenho talento que vai além de minhas qualidades físicas, até porque em algum momento a beleza se vai. É preciso deixar claro que tenho qualidades artísticas que vão além disso.

Como costuma ser sua ■ rotina?

● Eu adoro rotina! Gosto de planejar tudo o que vou fazer. Normalment­e acordo cedo, treino pela manhã, estudo minhas cenas , me arrumo e vou para a gravação. Quando saio eu venho para casa, às vezes cozinho alguma coisa para comer e por volta de meia-noite já estou dormindo.

Está namorando, solteiro ■ ou casado?

● Solteiro. Pensa em ter filhos? ■

● Sim, sonho com isso . Mas é um sonho para daqui a alguns anos ainda. Hoje estou muito focado na minha carreira. Quero poder consolidar primeiro a área profission­al e depois dar sequência nesse projeto, porque imagino que seja uma responsabi­lidade muito grande criar um filho.

Hoje você mora sozinho ■ no Rio? Como é lidar com a distância da família?

● Moro sozinho. No começo foi um pouco mais difícil... Além da instabilid­ade financeira, tive que me bloquear emocionalm­ente para não sofrer com a ausência da família e dos amigos. Com o tempo, as rédeas foram afrouxando e emocionalm­ente mais seguro, as coisas foram voltando ao normal.

Sonha contracena­r com ■ alguém em específico?

● Fernanda Montenegro! Sou completame­nte apaixonado pelo trabalho dela.

Qual é o seu sonho de ■ consumo?

● Poder comprar meu apartament­o e no futuro poder dar as condições necessária­s que

a minha família precisar.

Qual foi a última ■ coisa que você comprou?

● Um tênis que estava namorando há muito tempo.

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