REPERCUSSÃO EXTERNA
Bolsa Família atende meio milhão de famílias a menos. ONU vê ‘desproporção’
O governo brasileiro reagiu ao relatório da ONU pedindo que as políticas econômicas atuais sejam “reconsideradas”, já que afirmando, também em nota que “o necessário reequilíbrio da economia brasileira beneficia, diretamente, as populações de baixa renda e ajuda a reduzir as desigualdades”.
Para a ONU, “pessoas vivendo em situação de pobreza e outros grupos marginalizados estão sofrendo desproporcionalmente”. Um dos dados que comprova o retrocesso é a redução no número de beneficiários do Bolsa Família. Após várias rodadas de “pentes finos”, as famílias atendidas pelo programa atualmente estão em 13.736.341, com valor médio de R$ 178,04. Em julho de 2014, eram 14,2 mihões. A redução em meio milhão de famílias atendidas se deu em um cenário em que o desemprego se elevou de 6,8% na média daquele ano, contra os atuais 12,4%.
No ano passado, o Banco Mundial, alarmado com os efeitos da crise econômica no Brasil, lançou um documento em que alertava que o país estava prestes a perder os ganhos sociais conquistados entre os anos de 2004 e 2014, quando, “em razão do rápido crescimento do emprego formal, maiores salários reais e programas redistributivos de assistência social como o Bolsa Família (…) mais de 28,6 milhões de pessoas saíram da pobreza”.
“Em duas crises anteriores, no fim dos anos 1990 e, depois, em 2003, foram concebidos o Bolsa Escola e o Bolsa Família. Momentos como o atual são próprios fazer mais e não menos política social”, diz o pesquisador Marcelo Neri, do CPC, da FGV.