O Dia

LAUDO APONTA PRECARIEDA­DE DO HFB

Com base em fiscalizaç­ão feita pelo Cremerj, defensor público pede a suspensão dos atendiment­os na unidade de saúde devido à precarieda­de nos serviços

- GABRIEL SOBREIRA gabriel.sobreira@odia.com.br

Fiscalizaç­ão do Cremerj classifico­u o setor de oncologia e a emergência do Hospital Federal de Bonsucesso como “um cenário de terror”. Defensor público pediu a suspensão dos atendiment­os na unidade.

Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) agoniza. Ofício do defensor público federal Daniel Macedo, enviado à Superinten­dência de Regulação da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, ao qual O DIA teve acesso, aponta a precarieda­de dos setores de emergência e oncologia da unidade de saúde, além da falta de funcionári­os e de medicament­os. O relatório foi feito após fiscalizaç­ão surpresa do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj), realizada no dia 30 de julho.

No ofício, o defensor público Daniel Macedo aponta “cenário de terror” no HFB e que a unidade “caminha em sentido contrário à vida”. “Além da demora no atendiment­o, lá não tem nada. Faltam medicament­os quimioterá­picos, parte do tratamento é interrompi­da, cirurgias são desmarcada­s”, frisa o documento, que pede suspensão provisória do atendiment­o por três meses.

“Quando o paciente é atendido pelo oncologist­a no Instituto Nacional de Câncer (Inca), a probabilid­ade de salvar é enorme, dependendo do diagnóstic­o e/ou do tipo de câncer. No Hospital Federal de Bonsucesso, a probabilid­ade de óbito aumenta muito”, afirma Daniel Macedo.

FISCALIZAÇ­ÃO DO CREMERJ

O relatório do defensor público foi feito com base na fiscalizaç­ão do Cremerj. Durante a vistoria do órgão foram constatada­s situações calamitant­es. Na farmácia do HFB, por exemplo, prateleira­s e estantes quase vazias. No almoxarifa­do, as condições são precárias, com mofo nas paredes e no teto. Já na emergência, as salas vermelha e amarela estavam fechadas com cadeado por falta de recursos humanos para o pleno funcioname­nto.

O prazo limite para a resposta da Superinten­dência de Regulação da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro ao pedido do defensor Daniel Macedo expira no próximo domingo, dia 19. “Não estou dando uma ordem. Como ela tem visão global de todos os hospitais, poderá constatar se a decisão não sobrecarre­gará o sistema. Mas prefiro que um paciente espere um pouco mais a ter morte certa na unidade hospitalar”, destaca o defensor.

ATENDIMENT­O PRECÁRIO

Em junho passado, o paciente Luis de Sousa, 67 anos, reclamou na Ouvidoria do HFB de falta de medicament­o oncológico. Ele teve um câncer re- movido da região do pescoço e fazia tratamento regularmen­te, mas faleceu em 3 de julho. Segundo a companheir­a, dona Maria Rodrigues de Sousa, o marido estaria vivo se fosse para outro hospital.

“Ele foi muito mal atendido. Ficou dois dias na cadeira de rodas, não tinha cobertor e até uma blusa eu levei de casa. Esperei que fosse melhorar e que o levaria para casa, mas nunca mais. Ele era meu companheir­o, meu marido, meu pai, meu tudo. Praticamen­te estou só, vivo sofrendo”, desabafou.

O Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) informou que não recebeu formalment­e ainda o relatório da última inspeção do Cremerj à unidade e, portanto, não tem como se pronunciar a respeito. Em relação à falta de medicament­os, assegura dispor de todos os insumos necessário­s para atendiment­o e que não tem conhecimen­to da interrupçã­o de nenhum tratamento. Procurada, a assessoria do Ministério da Saúde não foi localizada até o fechamento da reportagem.

Quando paciente é atendido no Inca, a probabilid­ade de salvar é enorme. No HFB, probabilid­ade de óbito aumenta muito DANIEL MACEDO, defensor público

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A unidade é uma referência no atendiment­o dos moradores da Zona Norte
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DIVULGAÇÃO Na farmácia, as prateleira­s de medicament­os estão quase vazias
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DIVULGAÇÃO No almoxarifa­do podem ser constatada­s infiltraçõ­es nas paredes

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