O Dia

Para relaxar na campanha

- Luís Pimentel Jornalista e escritor

Oseu candidato será eleito? Comemore. Não vai se eleger? Comemore também. Vai para o segundo turno? Festeje, sabendo que muito mais do que ter acertado no voto é o acerto de contas com a democracia. Bacana é poder votar (nem sempre foi assim) e depois torcer para que o eleito, seja o nosso candidato ou não, justifique a confiança de quem confiou. E que ele se esforce muito, trabalhe bastante, pois a coisa está para lá de feia.

Dias pré-eleitorais são sempre muito tensos; este ano tem sido particular­mente mais complicado. Nervos à flor da pele, temores reais ou nem tanto rondando o futuro. Tá brabo. Por isso, conto uns causozinho­s leves sobre política e políticos, só para relaxar.

Essa eu mesmo ouvi, na infância em Feira de Santana, um candidato a prefeito pedir votos assim:

“Sou pobre e vou governar para os pobres. O meu adversário é rico e só vai cuidar dos ricos. Ele não tem compromiss­o com a pobreza, porque nasceu em colchão de mola. Eu, não. Eu nasci foi numa cama de pau duro!”

E me contaram que ali pertinho, em Nazaré das Farinhas, outro começou o comício assim:

“Se eleito, prometo a todos dessa cidade uma mesa farta!”

E o eleitor, na multidão:

“Já temos, doutor! Farta arroz, farta feijão, farta farinha...”

Durante a Presidênci­a de certo caçador de marajás, quando a safadeza rolava não só com as contas de poupança do povo, um ministro “pegava” certa ministra, no caso, da Fazenda. Amigo meu, que gozava da intimidade dos dois, contou que ele ligava para ela assim:

“E aí, como vai o nosso ‘Tesouro’?”

Entreouvid­o na porta da Assembleia Legislativ­a de um estado nordestino, campeão de corrupção:

“Um deputado desses aí pegou febre aftosa.”

“Danou-se! Vamos ter que sacrificar toda a manada.”

Só mais umazinha, em homenagem à eleição:

Numa festa, a madame é apresentad­a a eminente político nacional.

“Muito prazer”, diz ele. “Prazer”, diz ela. “Saiba que já ouvi falar muito do senhor”.

“É possível, minha senhora. É possível. Mas ninguém tem provas!”

E a saideira, rapidinha que nem promessa de campanha.

Um candidato a prefeito discursava para o povo na praça da cidade:

“Se eleito vou construir escola, posto de saúde, ‘as delegacia’, ‘os hospital’...”

Um aliado interveio: “Candidato, se quiser ganhar essa eleição o senhor vai ter que empregar o plural.

E ele:

“Sem problema. Vou empregar o plural e toda a família dele!”

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