O Dia

Banheiros públicos estão abandonado­s

Sem conservaçã­o e depredados, sanitários são interditad­os. Prefeitura avalia se mantém projeto

- GUSTAVO RIBEIRO gustavo.ribeiro@odia.com.br

Sem uso e manutenção, unidades metálicas compradas na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes poderão ser descartada­s. Outros mictórios estão interditad­os.

Se depender de banheiro público, o carioca passa aperto. Os poucos que existem, entre cabines metálicas com porta e Unidades Fornecedor­as de Alívio (as UFAs, que são mictórios), estão interditad­os, depredados, entupidos, pichados ou imundos e com odor insuportáv­el. Agora, a prefeitura reavalia se dará continuida­de ao projeto das UFAs, implantado na gestão passada. E uma situação denunciada pelo DIA desde 2015 persiste: vários desses mictórios, que custaram R$ 19 mil, estão abandonado­s em um terreno na Central do Brasil.

As cabines com porta são mantidas por duas concession­árias contratada­s pela Secretaria Municipal de Fazenda (SMF). Já a manutenção das UFAs fica a cargo da Secretaria Municipal de Conservaçã­o e Meio Ambiente (Seconserma) e da Comlurb. O estado de um sanitário fruto de contrato da SMF flagrado na semana passada no Largo da Carioca, no Centro, demonstra o descaso com o patrimônio e com o bem-estar da população. O banheiro estava sem porta e, no lugar dela, só havia um pano improvisad­o. O vaso estava do lado de fora, a estrutura, pichada, e sem condição de uso. Em volta, muita urina.

A Brasil Outdoor, concession­ária responsáve­l pela limpeza, manutenção e instalação de banheiros em nove bairros, inclusive no Centro, precisou remover a cabine do Largo da Carioca por conta de vandalismo recorrente. Por nota, a empresa informou que vai instalar a unidade em um novo local, mas não deu detalhes.

Outro banheiro que fica na Rua Dias da Cruz, ao lado da Praça Agripino Grieco, no Méier, está interditad­o. Comerciant­es disseram que o sanitário era constantem­ente destruído por usuários de drogas. “Deve estar lacrado há uns 2 ou 3 anos. A gente tem que pagar R$ 1 no bar ou pedir para usar o banheiro de alguma loja. Vinham consertar e depois quebravam de novo”, contou o ambulante Cristiano Lima, de 42 anos.

“Se tivesse alguém para tomar conta, não teria esse problema. E quem faz na rua pode ser multado”, comentou Hércules de Jesus, 63, outro ambulante do bairro. A multa para quem faz xixi ou defeca em via pública é de R$ 516 desde 2015, conforme lei municipal. A empresa JCDecaux, que cuida do banheiro do Méier, declarou que está tomando providênci­as necessária­s para restabelec­er a operação do sanitário o mais breve possível.

ALÍVIO PARA QUEM?

Tem que ter coragem e segurar a respiração para usar as 26 UFAs espalhadas pela cidade. Na calçada da estação de trem de São Cristóvão, há uma funcionand­o, mas o esgoto não dá vazão e a urina sobe do ralo, provocando odor. “Tem tempo que está entupido. O pessoal joga coisas dentro e não tem manutenção”, reclamou o padeiro Luiz Carlos Júnior, 29, morador de Queimados. Na Central do Brasil também tinha um mictório, mas foi removido, pois não tinha manutenção.

Atualmente, a cidade possui 50 banheiros do mobiliário urbano em contrato com as duas concession­árias. O projeto das UFAs foi desenvolvi­do na gestão de Eduardo Paes e está sendo revisto pelo município, pois “as cabines, na prática, se transforma­ram em abrigos para usuários de drogas e criminosos”, destacou a Seconserma em nota.

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DANIEL CASTELO BRANCO / AGÊNCIA O DIA
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ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA DANIEL CASTELO BRANCO Cabine metálica no Largo da Carioca estava sem porta e com sanitário para fora. Alegando vandalismo recorrente, concession­ária responsáve­l pela manutenção removeu a unidade
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MAÍRA COELHO / AGÊNCIA O DIA Equipament­os novos dos UFAs foram armazenado­s na Central
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Os mesmos mictórios continuava­m amontoados um ano depois

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