Banheiros públicos estão abandonados
Sem conservação e depredados, sanitários são interditados. Prefeitura avalia se mantém projeto
Sem uso e manutenção, unidades metálicas compradas na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes poderão ser descartadas. Outros mictórios estão interditados.
Se depender de banheiro público, o carioca passa aperto. Os poucos que existem, entre cabines metálicas com porta e Unidades Fornecedoras de Alívio (as UFAs, que são mictórios), estão interditados, depredados, entupidos, pichados ou imundos e com odor insuportável. Agora, a prefeitura reavalia se dará continuidade ao projeto das UFAs, implantado na gestão passada. E uma situação denunciada pelo DIA desde 2015 persiste: vários desses mictórios, que custaram R$ 19 mil, estão abandonados em um terreno na Central do Brasil.
As cabines com porta são mantidas por duas concessionárias contratadas pela Secretaria Municipal de Fazenda (SMF). Já a manutenção das UFAs fica a cargo da Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente (Seconserma) e da Comlurb. O estado de um sanitário fruto de contrato da SMF flagrado na semana passada no Largo da Carioca, no Centro, demonstra o descaso com o patrimônio e com o bem-estar da população. O banheiro estava sem porta e, no lugar dela, só havia um pano improvisado. O vaso estava do lado de fora, a estrutura, pichada, e sem condição de uso. Em volta, muita urina.
A Brasil Outdoor, concessionária responsável pela limpeza, manutenção e instalação de banheiros em nove bairros, inclusive no Centro, precisou remover a cabine do Largo da Carioca por conta de vandalismo recorrente. Por nota, a empresa informou que vai instalar a unidade em um novo local, mas não deu detalhes.
Outro banheiro que fica na Rua Dias da Cruz, ao lado da Praça Agripino Grieco, no Méier, está interditado. Comerciantes disseram que o sanitário era constantemente destruído por usuários de drogas. “Deve estar lacrado há uns 2 ou 3 anos. A gente tem que pagar R$ 1 no bar ou pedir para usar o banheiro de alguma loja. Vinham consertar e depois quebravam de novo”, contou o ambulante Cristiano Lima, de 42 anos.
“Se tivesse alguém para tomar conta, não teria esse problema. E quem faz na rua pode ser multado”, comentou Hércules de Jesus, 63, outro ambulante do bairro. A multa para quem faz xixi ou defeca em via pública é de R$ 516 desde 2015, conforme lei municipal. A empresa JCDecaux, que cuida do banheiro do Méier, declarou que está tomando providências necessárias para restabelecer a operação do sanitário o mais breve possível.
ALÍVIO PARA QUEM?
Tem que ter coragem e segurar a respiração para usar as 26 UFAs espalhadas pela cidade. Na calçada da estação de trem de São Cristóvão, há uma funcionando, mas o esgoto não dá vazão e a urina sobe do ralo, provocando odor. “Tem tempo que está entupido. O pessoal joga coisas dentro e não tem manutenção”, reclamou o padeiro Luiz Carlos Júnior, 29, morador de Queimados. Na Central do Brasil também tinha um mictório, mas foi removido, pois não tinha manutenção.
Atualmente, a cidade possui 50 banheiros do mobiliário urbano em contrato com as duas concessionárias. O projeto das UFAs foi desenvolvido na gestão de Eduardo Paes e está sendo revisto pelo município, pois “as cabines, na prática, se transformaram em abrigos para usuários de drogas e criminosos”, destacou a Seconserma em nota.