Gravações de áudio revelam plano dos assassinos para matar funkeiro
Celular recuperado pela polícia mostra conversa dos suspeitos com orientações para roubo e até transmissão ao vivo da morte do MC G3
Uma troca de mensagens de áudio através de um aplicativo mostra a trama que antecedeu o assassinato do funkeiro Paulo Cesar da Silva, o MC G3, de 37 anos, encontrado com marcas de tiro em sua casa em Duque de Caxias, na quintafeira. Nas conversas, obtidas pelo celular que os suspeitos deixaram cair em um táxi roubado, eles combinam o crime e o roubo de objetos do cantor, como cordão de ouro e videogame, que foram recuperados pela polícia horas após a morte. Três menores — dois de 15 e um de 17 anos — foram apreendidos e Luiz Fernando Paiva Santos, de 18 anos, preso.
O corpo do cantor será enterrado na tarde de hoje, no Cemitério de Irajá. A motivação da morte de G3 ainda está sendo investigada. A maioria das mensagens divulgadas pela polícia mostra um dos interlocutores orientando os criminosos. Ele pede que seja feita “uma transmissão ao vivo” da morte. “(Vamos) fazer o bagulho no talento, filho. Mano, passa o cara, pega tudo e sai saindo”. Em outro trecho, o suspeito fala para roubar o videogame e recebe a resposta: “já pegamos ele, dei um tirão nele aqui”.
A mãe de Paulo Cesar, a artesã Luisa da Silva, 51, esteve no IML de Duque de Caxias. Foi ela que encontrou o corpo do filho, após várias tentativas de falar com ele e não conseguir. “Quando eu cheguei lá, a casa estava toda apagada e a porta aberta. Quando eu acendi a luz, me deparei com o meu filho deitado de costas na porta do quarto, a sala cheia de sangue, aquele rastro. Eu gritei e os vizinhos vieram me socorrer, porque eu pensei que meu filho estava com vida”, disse a mãe, que desabafou: “Está doendo muito. Tiraram um pedaço de mim”. Um primo do funkeiro, que não quis se identificar, acredita que algum conhecido pode ter ajudado no crime, já que não houve arrombamento. Parentes disseram que G3 levou três tiros nas costas.
“Pequeno, ele trabalhava como camelô e era artista desde criança. Quando eu estava na igreja, senti uma angústia no peito, mas não sabia que meu filho já estava morto”, contou o pai, Carlos Henrique Batista Veloso, 52, autônomo.
MC G3 se tornou popular com o hit ‘Acabou o caô, o Guerrero chegou’, em homenagem ao jogador.