O Dia

Saiba como identifica­r um bom candidato

Especialis­tas apontam o que os eleitores devem levar em conta na hora de decidir quais candidatos ocuparão as cadeiras da Câmara e do Senado

- CÁSSIO BRUNO cassio.gomes@odia.com.br

Especialis­tas orientam como reconhecer as melhores opções entre aqueles que concorrem a vagas de deputado e senador. Muitas vezes, essa escolha é mais importante que a de presidente ou governador.

Em tempos de escândalos de corrupção, com políticos presos, a escolha de candidatos para ocupar as cadeiras do Congresso Nacional e das assembleia­s legislativ­as nos estados merece atenção. Afinal, o que você deve levar em conta na hora de votar? Qual é o papel de um deputado federal e de um senador? E de um deputado estadual? Um levantamen­to feito pelo

DIA com o Ministério Público Federal revela que, até junho deste ano, havia pelo menos 158 inquéritos abertos para investigar apenas parlamenta­res da Câmara e do Senado suspeitos de envolvimen­to em falcatruas na Operação Lava Jato. Cinco casos já tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF).

Este ano, 1.095 candidatos concorrem a 46 vagas de deputado federal para representa­r o Rio de Janeiro na Câmara. Outros 15 brigam por duas vagas destinadas ao estado no Senado. Para a Assembleia Legislativ­a do Rio (Alerj), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrou 2.306 candidatur­as para ocupar 70 cadeiras.

Cientista político, sociólogo e professor da Universida­de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Paulo Baía afirma que o primeiro passo é pesquisar o histórico do político e o seu comportame­nto ético. Em seguida, a dica é analisar as propostas do candidato ao Legislativ­o.

“É preciso saber se esse candidato escolhido está de acordo com os interesses da pessoa que vai votar porque as propostas são mais segmentada­s”, sugere ele.

Para Paulo Baía, os brasileiro­s têm à disposição hoje mecanismos amplos de consulta, como a lista de políticos inelegívei­s divulgada no site do TSE na internet, de acordo com a Lei da Ficha Limpa. Segundo o professor, informaçõe­s publicadas na imprensa também valem de alerta na decisão do voto.

“A eleição para o Legislativ­o é mais importante que a de governador e de presidente. O trabalho dos governos está ligado à dinâmica do parlamento nacional ou estadual. É a chamada governabil­idade”, diz Baía.

Para David Fleischer, professor emérito de Ciência Política da Universida­de de Brasília (UnB), a Lava Jato e outras ações contra corrupção contribuír­am ainda mais para o descrédito da população com a política. Neste caso, conta Fleischer, uma parte do eleitorado tem procurado por candidatos que nunca disputaram uma eleição.

“Suponha-se que, por nunca ter concorrido, o candidato seja ficha -limpa. Isso é apenas uma suposição. Não há garantia de honestidad­e. Hoje, o eleitor está desapontad­o, desolado”, ressalta.

David Fleischer lembra ainda que investigar o currículo do político e as propostas é fundamenta­l.

“Podemos melhorar a qualidade dos políticos. Mas anular o voto não influencia no resultado. E pior: os fichas-sujas continuarã­o por lá”, afirma o professor.

Rogério Sganzerla, um dos coordenado­res do projeto Congresso em Números, da Fundação Getulio Vargas (FGV) Direito Rio, explica que a função do parlamenta­r (deputado e senador) é fiscalizar o Executivo (presidente e governador) e o Judiciário. Mas também defender a sua base eleitoral.

“O eleitor precisa se fazer representa­do. É olhar para o candidato como seu representa­nte. É como um espelho”, compara.

Sganzerla destaca possíveis temas que poderão voltar ao debate na nova legislatur­a, a partir de 2019. “A Reforma da Previdênci­a, retomando as discussões paralisada­s, e a Segurança, especialme­nte com relação ao cresciment­o dos homicídios e a integração da inteligênc­ia das polícias”, prevê.

O mecânico Anderson de Souza, de 44 anos, não sabe em quem votar. Ele também confessa ter dúvidas sobre o trabalho no Congresso. Morador da Lapa, não lembra em quem votou em 2014.

“Eu vejo os deputados na televisão e fico confuso”, revelou.

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MIGUEL ÂNGELO/DIVULGAÇÃO Até a última sexta-feira, 8.136 políticos do país tinham candidatur­as registrada­s no TSE para a Câmara. Para o Senado, foram 347
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