Parentes e amigos pedem liberação de jovem preso
Familiares alegam inocência de rapaz acusado de participar de sequestro de PMs
Cerca de 50 pessoas participaram ontem de protesto em frente ao Tribunal de Justiça do Rio, no Centro, para pedir a libertação de William Preciliano Bezerra da Silva, 20, preso há dez dias sob acusação de participar de sequestro e tortura de PMs no Morro dos Prazeres, em Santa Tereza. O fato teria ocorrido, em novembro de 2017. William foi detido ao tirar a carteira de habilitação no Detran do Largo do Machado, no dia 9.
Moradores pelo menos oito comunidades se uniram e fizeram abaixo assinado dizendo que conhecem William e sua índole. Até agora mais de mil pessoas assinaram a petição, segundo a parentes, para que a Justiça o liberte.
A família alega que o rapaz é inocente e advogados dizem que uma foto dele tirada durante gravação de um filme na comunidade, em que aparece com réplica de fuzil, foi usada quatro meses depois para reconhecê-lo como um dos envolvidos no ataque aos PMs.
No inquérito em que William e mais 12 pessoas foram denunciadas, a juíza destacou que o réu foi reconhecido por nove policiais, por meio da fotografia em que está com um fuzil, como sendo um dos responsáveis por torturar e ameaçar os militares para que saíssem de locais estratégicos, permitindo que o tráfico retomasse a venda de entorpecentes na região. A família argumenta que no momento em que os PMs foram feitos reféns, William estaria amparando a mãe que passava mal em casa.
José Preciliano da Silva, 56, pai do jovem, disse que ele foi tirar a habilitação. “Quando recebi a informação que tinha sido preso, perguntei o motivo. O policial disse que ele estava devendo”, afirmou.
“A decisão da juíza foi publicada ontem (sexta-feira) no fim do expediente, o que prejudicou o trabalho. Na segunda vamos pedir habeas corpus”, disse um dos advogados de defesa Vinícius Saldanha.
Segundo a irmã de criação, Gerlene Silva, 37, o rapaz sempre participou de projetos sociais, e foi assim que conheceu os diretores do filme e fez figuração em “Pacified”. Muito abalada, Maria Gorete Bezerra Silva, mãe de William, passou mal assim que soube da prisão.
“Tentei visitá-lo, mas não deixaram. Eu sempre ensinei que não deveria entrar em confusão para ter o direito e ir e vir garantido. Eu nunca pensei que iria passar por isso”, disse a dona de casa.
Os produtores de “Pacified”, o diretor norte-americano Paxton Winters e a empresa Reagent Media enviaram declaração sobre a participação do rapaz no filme. No documento, que foi anexado ao processo que tramita na 5ª Vara Criminal, os produtores Paula Duarte Linhares e Marcos Jardim Tellechea disseram que William não tem envolvimento com o crime e se dizem indignados com a prisão.
Com a estagiária Natasha Viana, sob supervisão de Adriano Araújo.