Boliveira sai em defesa de Wilson Simonal
Protagonista do longa ‘Simonal’ diz que o cantor foi primeira vítima de fake news
Durante a exibição do longa ‘Simonal’ na noite da última segundafeira no Festival de Cinema de Gramado, o ator Fabrício Boliveira, protagonista do filme, aproveitou a ocasião para defender o cantor Wilson Simonal da acusação de ser informante da ditadura militar e colocou mais lenha na atual polêmica sobre veiculação de notícias falsas.
“A acusação a Simonal foi talvez a primeira fake news atingindo personas públicas no Brasil. O caso envolve racismo, porque era um artista negro e seu sucesso incomodava. E o país inteiro foi na onda e acreditou”, disparou o ator.
‘Simonal’ reúne, mais uma vez, Boliveira e Isis Valverde, que já haviam feito juntos ‘Faroeste Caboclo’, em que protagonizaram tórridas cenas de sexo. O diretor Leonardo Domingues nunca teve dúvidas de que a dupla era a ideal para a cinebiografia do cantor, mas foi muito questionado.
“Minha origem é como montador, antes de ser realizador. Montei o filme da Nise da Silveira e pude ver ali o Boliveira em estado bruto. Nada melhor para avaliar um ator do que as cenas que não vão para a montagem final. Sabia que ele seria capaz de fazer o que queria. E a Isis... é gênia! Ela se move em cena com pleno domínio da câmera”, disse.
Os atores foram preparados por Sergio Penna, que já havia feito a preparação de ‘Faroeste Caboclo’. Boliveira nem é louco de querer cantar em cena. “Simonal era um dos maiores cantores do Brasil, do mundo”, disse. Para a dublagem, era importante que o ator atingisse a intensidade de certas notas. “O dó dele”, frisa Boliveira.
O resultado impressiona. Quando o diretor põe na tela o Simonal verdadeiro e, depois, volta para Boliveira, o espectador não estranha a quebra porque o ator, que vive Roberval na novela ‘Segundo Sol’, da Globo, também é um grande Simonal.
A ascensão e queda meteóricas do artista, sua ligação com os militares, o sequestro do contador e as denúncias de delação de Gil e Caetano. Tudo isso está no filme, que deixa o espectador com vontade de acreditar na inocência dele, mas existem cenas ambíguas. O que está fora de discussão é que, como artista, performer, era imenso. O filme tem dois espetaculares planos-sequência e o segundo, com Simonal em São Paulo, em pleno programa de TV, é de arrepiar.
Domingues filmou em julho e agosto de 2016 e passou um ano e meio montando. Fez um quebra-cabeças, desistiu. Fez o atual flash-back, e introduziu alguns vaivéns. “Se não tivesse deadline, estaria montando até agora”, disse.