Passageiro reage a assalto em ônibus e duas pessoas são mortas por bandidos
Ademir Filipe Nascimento de Souza, 22 anos, voltava da praia com a mulher e a filha de 3 anos, quando, na Via Dutra, na altura de S. João de Meriti, bandidos armados anunciaram o assalto. Um passageiro reagiu e um dos criminosos fez vários disparos. Tentando proteger a mulher e a filha, Ademir foi atingido e morreu. O passageiro que reagiu, Vanderlei Paulino, também foi morto. Os assaltantes fugiram.
> O Instituto de Segurança Pública (ISP) aponta uma rotina assustadora. De janeiro a julho deste ano, 8.992 roubos em coletivos ocorreram no estado — uma média de 42 por dia ou um a cada meia hora. As áreas da 59ª DP (Duque de Caxias), da 21ª DP (Bonsucesso) e da 17ª DP (São Cristóvão) lideram o ranking, com 655, 612 e 502 assaltos, respectivamente.
No dia em que a linha Barra - Queimados foi atacada, 17 casos foram registrados em delegacias. Os crimes mais que dobraram entre 2015 e 2017: de 4.287 para 8.759. Nos sete primeiros meses de 2018, a cidade do Rio esteve no topo dos índices por região, com 5.227 roubos em coletivos. Depois Baixada, com 2.465, Grande Niterói (867) e o interior (433).
Especialistas entendem que o alto índice nas áreas de Caxias, Bonsucesso e São Cristóvão é devido à proximidade com vias expressas como a Dutra, Washington Luiz, Linhas Vermelha e Amarela, e com favelas. “São áreas com muitos pontos de fuga e todas elas cercadas de comunidades, provavelmente de onde saem os criminosos”, disse Antônio Rayol, delegado federal aposentado. A vendedora ambulante Ruth Lúcia Ribeiro Bezerra, 58, conta que criminosos roubam até marmita na Via Dutra. “Não poupam nada e nem ninguém, levam de dinheiro à marmita”.
José Ricardo Bandeira, presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina, sugere a criação de um ‘anel’ de segurança nas áreas mais críticas e conexão entre os coletivos e o batalhão da área com um botão de pânico acionado pelos motoristas. Rayol defende a criação de delegacia para unificar as investigações.
Para os especialistas, as ações do Patrulhamento em Transportes de Ônibus Urbanos são ínfimas. A PM diz que a redução de roubos será com a “recomposição de seus recursos humanos e materiais”. Parte do efetivo de UPPs foi deslocado para o programa, em horários de maior movimento do Maracanã ao Méier e nos complexos do Alemão e Penha.
No dia em que a linha Barra-Queimados foi atacada, 17 roubos em ônibus foram efetuados