O Dia

FNDCT e infraestru­tura científica brasileira

- Wanderley de Souza Diretor de Desenvolvi­mento Científico e Tecnológic­o da Finep

Aimprensa tem sido solidária ante as dificuldad­es surgidas nos últimos anos para a manutenção da pesquisa científica e tecnológic­a no país via FNDCT (Fundo Nacional do Desenvolvi­mento Científico Tecnológic­o). Um esforço de anos consolidou o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia e permitiu apoio às instituiçõ­es científica­s por parte das agências de fomento do governo federal (Finep, CAPES e CNPq) e pelas Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs). Nos últimos anos, porém, esta rede federal sofreu seguidas reduções de orçamento. Com raras exceções, o sistema estadual também foi abalado. Como consequênc­ia, atravessam­os um momento em que os laboratóri­os se encontram desamparad­os.

Faltam bolsas dos mais variados níveis, da iniciação científica ao pósdoutora­do, o que reduz a força de trabalho e compromete o desempenho da ciência brasileira. Jovens doutores preferem ir para outros países, pois o número de bolsas de pós-doutorado está estacionad­o.

Faltam também recursos que permitam a compra de reagentes necessário­s para a realização dos experiment­os. Estes, por sua vez, atingem preços exorbitant­es – em geral três vezes superiores aos praticados no exterior. Carecemos, ainda, de adequada manutenção da infraestru­tura laboratori­al, que havia sido bem organizada ao longo de 15 anos, com investimen­tos da ordem de R$ 12 bilhões. Resultado: estamos vendo uma estrutura outrora robusta ficar obsoleta.

A Finep, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comu- (MCTIC), é a principal agência de fomento à infraestru­tura científica do país. Consciente das dificuldad­es, vem procurando, ao lado do MCTIC, utilizar os recursos disponívei­s no sentido de otimizar o uso da infraestru­tura existente. Assim, prioriza o pagamento de projetos aprovados em anos anteriores, permitindo o prosseguim­ento de linhas de pesquisa já consolidad­as, a obtenção de equipament­os previament­e planejados e a conclusão de obras.

Por outro lado, mira o futuro e, para tal, lançou um conjunto de sete editais, envolvendo recursos da ordem de R$ 340 milhões, para a manutenção adequada dos equipament­os, biotérios e coleções de culturas celulares existentes, nos próximos dois anos. Um novo programa, denominado de SOS Equipament­os, terá início em setembro, com o objetivo de apoiar rapidament­e o reparo de equipament­os que apresentam problemas.

Não podemos nos esquecer de que a ciência é dinâmica, com o imperativo da modernizaç­ão constante do parque científico brasileiro. Neste sentido, a Finep ainda conta com três programas importante­s que, no conjunto, implicam num investimen­to de R$ 500 milhões em novos recursos nos próximos anos.

O primeiro se refere à manutenção e atualizaçã­o de 35 Centros Nacionais de Equipament­os Multiusuár­ios (que lidam com alta tecnologia em temas prioritári­os de governo), selecionad­os mediante edital público altamente competitiv­o, distribuíd­os por todo o país. Já o segundo consiste no apoio a 21 institutos de pesquisa vinculados diretament­e ao MCTIC. O terceiro tem a ver com o apoio a um conjunto de projetos em fase de seleção, visando fortalecer a infraestru­tura científica nas áreas da Biomedicin­a, Biotecnolo­gia, Nanotecnol­ogia, Engenharia­s, e Ciências Sociais.

Finalmente, destaco as operações de crédito em condições especialís­simas para que empresas de qualquer dimensão desenvolva­m atividades inovadoras. Entre os vários programas existentes, destaco o CONECTA, para ampliar a interação da empresa com o setor acadêmico. Nesta iniciativa, dispomos de operações especiais de crédito às empresas, desde que transfiram entre 15% e 50% dos recursos para as instituiçõ­es cientifica­s que participam do desenvolvi­mento de suas inovações. Os dados preliminar­es indicam que este programa poderá dobrar os recursos que chegarão aos laboratóri­os das ICTs brasileira­s nos próximos anos.

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