Crianças sob fogo cruzado na guerra síria
Ofensiva do regime em província rebelde pode provocar catástrofe humanitária
AONU alertou ontem que a ofensiva do governo sírio contra a província de Idlib poderá provocar mais uma catástrofe humanitária. Grupos rebeldes na região explodiram duas pontes nos arredores dessa que é considerada a última grande fortaleza insurgente, em antecipação a uma ofensiva do regime anunciada para qualquer momento.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, acusou o colega russo, Serguei Lavrov, de apoiar o ataque do regime de Damasco. “Os Estados Unidos consideram que é uma escalada em um conflito já perigoso”, acrescentou.” O mundo está olhando”, advertiu.
Manuel Fontaine, diretor de programas de Emergência do Unicef, alertou, em entrevista à Agência Reuters, que três milhões de sírios que já se viram obrigados a abandonar seus lares e que agora estão em Idlib “vão sofrer uma agressão”.
A entidade já pôs em curso planos de contingência para fornecimento de água limpa e suprimentos nutricionais para parte das 700 mil pessoas que poderiam se pôr em fuga a partir de um ataque.
Estima-se que 2,9 milhões de pessoas vivem hoje em Idlib. A metade veio de outras áreas da Síria e muitos têm ligação com os rebeldes. “É mais de um milhão de crianças”, advertiu Fontaine.
A província stá dominada pelos extremistas do Hayat Tahrir al-Sham (HTS). Também há outras facções rebeldes. O governo Bashar al-Assad, que acumula vitórias, desde 2015, conta com o crucial apoio aéreo de seu aliado russo. Mas Estados Unidos, França e Reino Unido advertiram ao presidente Assad e Moscou que não permitiriam uso de armas químicas em Idlib. Com isso, os rebeldes consolidaram suas posições na província.
As duas pontes explodidas ligavam os territórios insurgentes às zonas governamentais. Os rebeldes observaram a chegada de tanques e veículos blindados na área.
O conflito na Síria, iniciado em 2011, já fez mais de 350 mil mortos.