O Dia

DECISÃO DA ONU X FICHA LIMPA

Relator optou por desconside­rar recomendaç­ão do órgão internacio­nal

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Lula foi barrado pelo TSE com base na Lei da Ficha Limpa. Durante seu voto, Luís Roberto Barroso fez elogios à norma que proíbe que condenados em segunda instância por determinad­os crimes possam se candidatar. “A Lei da Ficha Limpa não foi golpe ou decisão de gabinetes, mas fruto de grande mobilizaçã­o popular em torno do aumento da moralidade e probidade na política”, disse.

Antes, a procurador­ageral da República, Raquel Dodge, autora de um dos pedidos de impugnação, tinha defendido a mesma tese. “O candidato tem condenação criminal por órgão colegiado”, disse.

Já a defesa teve como principal argumento a decisão do comitê dos Direitos Humanos da ONU que solicitou ao Estado brasileiro que garantisse o direito de Lula de participar em igualdade de condições da eleição. “Vossa Excelência já se manifestou em algumas ocasiões sobre a importânci­a de o Estado brasileiro cumprir as decisões exaradas por órgãos internacio­nais, de tratados de direitos humanos”, disse Luiz Fernando Casagrande Pereira, se dirigindo a Barroso.

O relator, no entanto, em seu voto, minimizou a recomendaç­ão da ONU. Para Barroso, a decisão da entidade “não pode ser acatada nem como recomendaç­ão” e o Brasil não é obrigado a segui -la, já que não teria ‘caráter vinculante’. O ministro Fachin teve visão oposta e votou pela manutenção do registro de Lula.

Se o voto de Barroso for seguido por todos os ministros e a defesa do petista não conseguir alguma decisão em contrário dos tribunais superiores, o PT terá que substituir seu candidato até o dia 10. O partido também não poderá apresentar Lula como candidato nos programas da campanha presidenci­al, que começam hoje.

Especialis­ta em Direito Eleitoral, Luiz Paulo Viveiros de Castro lembra que o petista pode recorrer. “Enquanto estiver recorrendo, Lula pode fazer campanha, inclusive participar da campanha na TV”. O advogado acredita que, ao fim do processo, os recursos serão rejeitados.

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