O Dia

Serpro é acusado de vazar dados de cidadãos

Empresa de tecnologia do governo, segundo investigaç­ão do Ministério Público, expõe informaçõe­s sigilosas

- MARTHA IMENES martha.imenes@odia.com.br

Ligações, mensagens por e-mail, por SMS, carta e até WhatsApp que oferecem facilidade­s e serviços têm atormentad­o aposentado­s e funcionári­os públicos, que não sabem como seus dados foram parar nas mãos de desconheci­dos. Essa farra, inclusive, já está na mira do Ministério Público. Um dos alvos, agora investigad­o pelo Ministério Público Federal (MPF), é o Serviço Federal de Processame­nto de Dados (Serpro), empresa pública de tecnologia, vinculada ao Ministério da Fazenda.

“Os golpistas se utilizam de informaçõe­s adquiridas de forma ilícita dos dados para entrar em contato com a pessoa oferecendo diversos serviços e é nessa hora que o consumidor é enganado”, adverte o especialis­ta em cibersegur­ança, Fábio Lutfi, da Qriar Cybersecur­ity.

De acordo com investigaç­ões do Ministério Público do Distrito Federal e Território­s (MPDFT), o Serpro é apontado como responsáve­l por repassar à página Consulta Pública, que é do governo federal, a base de dados da Receita. Segundo a denúncia, encaminhad­a por meio de dossiê, ao MPF pelo promotor Frederico Meinberg Ceroy, a prática do Serpro de vender os dados ocorre há muitos anos.

CONSTRUÇÃO DA PÁGINA

O que chamou a atenção do MPF foi a construção da página que está “congelada” desde 7 de junho. “A estruturaç­ão do site foi indicativo de que a base de dados usada tinha origem na administra­ção pública”, informou Meinberg em ofício enviado ao MPF.

Procurado pelo DIA ,o Serpro negou que forneça

dados de contribuin­tes para empresas privadas e que está colaborand­o com as investigaç­ões do MP, que correm em sigilo de Justiça.

Por ser empresa pública ligada ao governo federal, o MPDFT não pode analisar a legalidade da prática de extração de dados do Serpro e remeteu o dossiê ao MPF. Mas já concluiu que a empresa de tecnologia vende as informaçõe­s.

A Comissão de Proteção dos Dados Pessoais do MPDFT, coordenada por Meinberg, aponta que o repasse dos dados está em contratos firmados com a Controlado­riaGeral da União (R$ 997 mil), Conselho da Justiça Federal (R$273 mil) e Conselho Nacional de Justiça (R$ 56 mil).

De acordo com o promotor, a empresa se aproveita do Decreto 8.789/2016, que trata do compartilh­amento de bases de dados na administra­ção pública federal. Questionad­o, o Serpro rechaçou a acusação do MP e afirmou que pode disponibil­izar dados e informaçõe­s à sociedade pela Portaria 457/2016, do Ministério da Fazenda. Em nota, a empresa diz que “nunca teve contato ou repassou conteúdo ao site Consulta Pública”.

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REPRODUÇÃO DE INTERNET Frederico Meinberg enviou a denúncia ao MPF, que investiga o caso

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