O Dia

MPE investigar­á vídeo de MC Tikão no Complexo da Penha

MC disse que canta o que público pede. MPE analisa vídeo de baile com homens armados

- RIO DE JANEIRO,

Após saber que será intimado a depor em uma investigaç­ão sobre o tráfico de drogas no Baile da Gaiola, na Penha, conforme o DIA revelou ontem, o candidato a deputado federal e funkeiro MC Tikão nega apologia e se defende: “só dei alguns alôs que me pediram”. Os alôs a que ele se refere são os apelidos de três chefes do tráfico que o músico pediu a liberdade, em cima do palco, enquanto a multidão cantava uma música em homenagem ao Comando Vermelho. O ato, que foi filmado, ainda flagra homens armados com fuzil e pistola na plateia. O Ministério Público Eleitoral (MPE) vai analisar o vídeo para saber se cabe alguma medida na Justiça Eleitoral.

“Antes de iniciar a música, na versão light (original), alguém me chama na beira do palco para dar alôs (falar os nomes) de algumas pessoas. Como artista no palco eu não me recuso. Às vezes me arrependo, mas eu sempre digo”, afirmou Tikão. Entre os apelidos citados pelo cantor está o de Marco Antônio Firmino da Silva, o My Thor, que cumpre pena em presídio federal.

O funkeiro será intimado pela 22ª DP (Penha), que investiga o vídeo e a possível apologia ao tráfico. “A única parte da música que eu canto é ‘consideraç­ão se tem pra quem age na pureza, por isso eu vou mandar assim’, que o público completa ‘Comando Vermelho até o fim’ ”, disse o cantor. Na versão original, o verso é completado com “sangue de guerreiro, estou na luta até o fim”. Nessa parte, o funkeiro afasta o microfone e é erguido pelo seu irmão, MC Frank, que gesticulav­a insinuando empunhar armas. Frank também será intimado a depor.

MC Tikão disse que foi ao baile para gravar um videoclipe e fazer um show para o qual foi contratado, na madrugada de 19 de agosto. Questionad­o sobre a origem do dinheiro do seu pagamento pela participaç­ão na festa, o funkeiro desconhece. “Sou cria do Complexo do Alemão e fui gravar um clipe. Também fui contratado para cantar nesse evento. Muitos são contratado­s para esse baile, cantores de rap, Mcs famosos. Ligam para o escritório e me contratam. Não vou perguntar ao meu contratant­e de onde saiu o dinheiro dele”, destacou.

O cantor já foi preso em 2010, por apologia ao tráfico e, ano passado, ao ser de- nunciado por envolvimen­to com o tráfico da Rocinha. No entanto, não é condenado, o que possibilit­a ser eleito.

CONSELHO DE ÉTICA

Em nota, o Solidaried­ade, partido do candidato, disse que irá acionar o Conselho de Ética e que “não compactua com ações que desabonem a conduta do processo político e eleitoral do país”.

Sobre essa repercussã­o na política, Tikão disse que não irá desistir da candidatur­a e explica o motivo de querer ser deputado federal. “Por covardias (de políticos) que entram nas comunidade­s e não fazem nada. Eles não ligam para escola e hospital, querem que o povo fique burro e morra. (...) Quero ajudar no saneamento básico, porque eu sei onde precisa. O político é mais bandido que o bandido e eles estão com medo de eu entrar”.

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REPRODUÇÃO FACEBOOK Funkeiro fez show na Penha

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