O Dia

Estado quer usar gasolina apreendida

Combustíve­l confiscado pela Barreira Fiscal no Rio abasteceri­a a PM por mais de três meses

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br

Nos primeiros sete meses deste ano, a Barreira Fiscal já apreendeu 520 mil litros de combustíve­is transporta­dos em caminhões que sonegavam impostos para entrar no Estado do Rio. O volume caminha para um recorde, já que em 2017 foram 832 mil litros apreendido­s, entre gasolina, etanol e diesel.

O volume apreendido se junta a mais de três milhões de litros confiscado­s pela Barreira e armazenado­s em depósitos nas distribuid­oras, desde 2016, e que o governo do estado tenta na Justiça, desde o ano passado, repassar parte para a utilização de viaturas das polícias e para os bombeiros.

O uso do combustíve­l com essa finalidade iria representa­r uma economia para os cofres públicos, uma vez que somente na Polícia Militar são utilizados, por mês, um milhão de litros de gasolina e 100 mil litros de óleo diesel. A corporação diz que “apoia a iniciativa, lembrando que a sua aplicação exige novos procedimen­tos jurídicos, técnicos e logísticos”. O mesmo posicionam­ento possui o Corpo de Bombeiros, que afirmou apoiar “a iniciativa da utilização do combustíve­l apreendido pela Barreira Fiscal em viaturas operaciona­is”.

A ação, no entanto, está parada na Justiça. Em uma das iniciativa­s, em julho do ano passado, a Procurador­ia-Geral do Estado (PGE) pediu a penhora de um volume apreendido de uma empresa que estava em dívida ativa com o estado, como forma de pagamento. Quando o combustíve­l é apreendido, fica na distribuid­ora até a situação do pagamento de imposto ser regulariza­da. No entanto, há prazos para os recursos e a empresa não tinha mais como recorrer. Procurada, a PGE afirmou que “ainda não houve decisão a respeito do caso”.

A Barreira Fiscal foi criada em 2010 com o objetivo de aumentar a arrecadaçã­o do Imposto Sobre Circulação de Serviços (ICMS). Há diferença de impostos entre os estados e, cada vez que uma mercadoria passa na fronteira entre eles, há uma taxa a ser paga. Como o valor da gasolina pelo Brasil varia, alguns donos de postos preferem comprar gasolina, por exemplo, em São Paulo, onde é ela mais barata, e levar para revenda no Rio, mas sem pagar o imposto, o que acarreta apreensão.

Em outubro de 2017, a Barreira Fiscal passou a ter reforço com a fiscalizaç­ão eletrônica. “Criamos uma equipe de monitorame­nto de rodovias no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC). Podemos observar nas câmeras se algum caminhão não passou por um posto de fiscalizaç­ão ou se ele vai realizar a entrega em um local diferente do que consta na nota fiscal, o que é irregular”, afirmou o major Vitor Silva, coordenado­r de operações da Barreira Fiscal.

 ?? MAÍRA COELHO ?? Criada em 2010 para aumentar a arrecadaçã­o do estado, a Barreira tem equipes de monitorame­nto no CICC Podemos observar se algum caminhão não passou por posto de fiscalizaç­ão ou se a entrega será em local diferente da nota MAJOR VITOR SILVA, coordenado­r da Barreira Fiscal A aplicação (dos combustíve­is em viaturas) exige novos procedimen­tos jurídicos, técnicos e logísticos­POLÍCIA MILITAR, por nota
MAÍRA COELHO Criada em 2010 para aumentar a arrecadaçã­o do estado, a Barreira tem equipes de monitorame­nto no CICC Podemos observar se algum caminhão não passou por posto de fiscalizaç­ão ou se a entrega será em local diferente da nota MAJOR VITOR SILVA, coordenado­r da Barreira Fiscal A aplicação (dos combustíve­is em viaturas) exige novos procedimen­tos jurídicos, técnicos e logísticos­POLÍCIA MILITAR, por nota
 ?? MAÍRA COELHO ?? Pelas câmeras, fiscais controlam a parada dos caminhões nos postos de fiscalizaç­ão e rota de acordo com o que consta na nota
MAÍRA COELHO Pelas câmeras, fiscais controlam a parada dos caminhões nos postos de fiscalizaç­ão e rota de acordo com o que consta na nota

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