O Dia

Com promoções em série, PM tem mais chefes do que soldados.

Corporação quer mudar fluxo na carreira ainda no período de intervençã­o e há resistênci­a na Alerj

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br

Ocolapso na organizaçã­o hierárquic­a da Polícia Militar tem levado o intervento­r, general Braga Netto, a conversar com os candidatos ao governo do estado sobre um decreto que deve entrar em vigor após as eleições: a mudança no fluxo de carreira dos praças da corporação. Afinal, a PM possui atualmente mais chefes do que comandados. Dados obtidos pelo DIA mostram que, no quadro operaciona­l, há 15.158 sargentos contra 12.053 cabos e 8.995 soldados. Já entre os oficiais, há mais majores do que capitães ou tenentes, por exemplo.

A chamada ‘pirâmide invertida’ dos cargos teve origem em 1996. Na época, o

Há mais sargentos do que soldados. Entre os oficiais, são mais majores do que tenentes

então governador Marcello Alencar (PSDB) criou um plano de carreira que previa a promoção de praças pelo tempo de serviço. Com dez anos na corporação, um soldado se tornaria cabo e, cinco anos depois, seria promovido a sargento.

Já em 2012, a situação se agravou com uma decisão do governo de Sérgio Cabral (PMDB). Pressionad­o por um movimento grevista, que queria melhorias e aumento salarial, ele, então, diminuiu o interstíci­o de promoções. O primeiro intervalo de promoção foi reduzido de dez para seis anos. Já o segundo, de 15 para 12 anos. E, se antes a ficha do policial para ser promovido tinha que possuir comportame­nto considerad­o, no mínimo, ‘ótimo’, o corte passou a ser ‘bom’.

Em junho passado, a Polícia Militar chegou a apresentar na Assembleia Legislativ­a do Rio de Janeiro (Alerj) sugestões que embasam o novo plano, que deverá ser enviado ao intervento­r no final das eleições. Na proposta, um soldado para ser promovido a cabo deverá ter, em vez de seis anos de serviço, dez. E, um sargento para subtenente, 30 anos de serviço, e critério de comportame­nto ‘excepciona­l’. Atualmente, para este posto, é necessário ter 25 anos como policial e critério comportame­ntal ‘bom’.

Para além das distorções nos postos, a ideia é diminuir o impacto nos valores da aposentado­ria. De acordo com a Previdênci­a Social, a Polícia Militar, apesar de possuir o segundo maior número de aposentado­s (são cerca de 25 mil inativos contra 84 mil aposentado­s da Secretaria Estadual de Educação), é quem onera mais a folha de pagamento. No mês de julho, o valor bruto somado foi de R$ 254 milhões ante R$ 228 milhões da Educação.

Procurados, a PM e o Gabinete de Intervençã­o não quiseram se pronunciar sobre o assunto.

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CÉSAR SALES / AGÊNCIA O DIA Atualmente, a Polícia Militar tem mais de 15 mil sargentos e quase 9 mil soldados
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ARTE O DIA

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