O Dia

Comerciant­es estão em pé de guerra no Cadeg

Emmeioao conflito por espaço, juiz precisou impedir contrataçã­o de seguranças armados

- ADRIANA CRUZ adrianacru­z@odia.com.br

Floristas do mercado de Benfica dizem que estão sendo impedidos de trabalhar por conta de taxas atrasadas. Direção do Centro de Abastecime­nto nega boicote. Juiz proibiu a contrataçã­o de seguranças armados para evitar problemas maiores.

Por trás da venda de iguarias, como a do bolinho de bacalhau, e da atmosfera bucólica para quem vai comprar flores e fazer programas regados a cerveja ou a um bom vinho, há uma guerra declarada por território em um dos ícones mais tradiciona­is de lazer do Rio. O conflito entre a diretoria do Centro de Abastecime­nto do Estado da Guanabara (Cadeg) e os floristas da Associação dos Produtores e Distribuid­ores de Flores, Plantas e Artigos para Jardinagem do Rio de Janeiro ganhou terreno na 21ª DP (Bonsucesso), no Ministério Público e na Justiça.

O maior confronto é pelo controle da área de aproximada­mente cinco mil metros quadrados que abriga dois galpões com 154 floristas, onde fica o Mercado das Flores. Para impedir novos

Entidade e floristas disputam espaço nos galpões de Benfica. Audiência especial será no dia 26

embates, o juiz da 8ª Vara Cível, Paulo Roberto Correa, decidiu que a associação não pode contratar seguranças armados porque o Cadeg já tem sua guarda armada. E marcou audiência especial para o dia 26 deste mês, como a coluna Justiça e Cidadania informou com exclusivid­ade na terça-feira.

O Cadeg — entidade privada que administra mais de 714 lojas em Benfica — ganhou o título de ‘Mercado Municipal’ da Prefeitura, em 2012. A relação da diretoria com os floristas começou a ficar espinhosa e foi parar na Justiça há dois anos. Os floristas sustentam que o terreno do Mercado das Flores é uma área pública. E, portanto, não podem ser obrigados a pagar Termo de Permissão Remunerada de Uso de até R$ 2.158,00. “O Cadeg não prova que é dono da área. Não deveria nem ter o alvará. Estamos cansados de ser enganados. Representa­mos 500 famílias”, ataca o presidente da associação, José Manuel de Almeida Lage, de 61 anos. Ele argumenta que muitos flo-

“Não impedimos a entrada de inadimplen­te. Só exigimos o cadastro”

ANDRÉ LOBO, diretor social do CADEG

“Estou inadimplen­te. Não tenho como pagar taxa de mais de R$ 1 mil”

JOSÉ ALCEMÁRIO, florista

ristas estão sendo impedidos de trabalhar, se sentem intimidado­s com os seguranças armados e têm mercadoria­s furtadas. Em 26 março, os casos e a cobrança da taxa foram denunciado­s ao Ministério Público. A associação sustenta, ainda, que foram filmados e fotografad­os funcionári­os e caminhão a serviço da prefeitura instalando placas de sinalizaçã­o dentro do Cadeg.

Em contra-ataque, o diretor Social do Cadeg, André Lobo, apresenta certificad­o do 3º Ofício de Registro de Imóveis e alega que o Mercado das Flores faz parte das edificaçõe­s do Centro. Segundo ele, a confusão começou porque o Google identifico­u o local dos galpões como Rua Buíque. “Foi fake news. Essa rua é em Padre Miguel”, defende, com certidão da Secretaria Municipal de Urbanismo em punho. E mais: diz que cobra a taxa para garantir a infraestru­tura. Em 15 de agosto, o Cadeg registrou na 21ª DP (Bonsucesso) contrataçã­o irregular de seguranças pela associação.

“Não impedimos de entrar nenhum inadimplen­te. Só exigimos o cadastrame­nto das pessoas autorizada­s pelos permission­ários, como manteve a ordem judicial”, afirma Lobo. Ele nega qualquer ameaça a floristas.

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FOTOS DE ARMANDO PAIVA Cadeg administra 714 lojas em Benfica. Espaço ganhou título de ‘Mercado Municipal’ em 2012
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Confronto é pelo controle de área de 5 mil metros quadrados que abriga dois galpões com 154 floristas
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