O Dia

Hackers tomam grupo contra Bolsonaro

Comunidade no Facebook que já reunia 2,2 milhões de mulheres foi invadida, sábado à noite, por apoiadores do candidato do PSL à presidênci­a. A polícia já está investigan­do o caso.

- BEATRIZ PEREZ beatriz.perez@odia.com.br Colaborou a estagiária Edda Ribeiro, sob supervisão de Herculano Barreto Filho

Uma mobilizaçã­o organizada nas redes sociais virou caso de polícia. A comunidade no Facebook Mulheres Unidas Contra Bolsonaro, que já reunia 2,2 milhões de internauta­s na madrugada de ontem, foi invadida por apoiadores do presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL) e saiu do ar por duas vezes. O grupo só voltou definitiva­mente às mãos das administra­doras no início da noite de ontem. As responsáve­is estão fazendo uma limpa, com a retirada de publicaçõe­s favoráveis ao candidato e de ‘perfis suspeitos’. As moderadora­s decidiram manter a página inacessíve­l no modo ‘secreto’. A comunidade só deve voltar hoje à modalidade original com status de grupo fechado, onde qualquer usuário pode encontrar e pedir para participar ou ser adicionado.

Duas administra­doras registrara­m boletins de ocorrência na Polícia Civil depois que tiveram as suas contas pessoais invadidas. Uma delas teve o email hackeado e o perfil no Facebook derrubado. Outra teve o email, o WhatsApp e a conta telefônica suspensa. Elas também desconfiam que possam estar com suas linhas grampeadas. A reportagem não conseguiu contato com a Polícia Civil. AMEAÇAS

Uma integrante do grupo disse que as administra­doras estão sendo atacadas em suas contas no Facebook. São mensagens ofensivas e até ameaças de agressão física.

‘ATIVIDADE SUSPEITA’

O Facebook informou que removeu o grupo após detectar atividade suspeita, na madrugada. No início da tarde, a comunidade foi devolvida pela primeira vez às administra­doras. Mas voltou a ficar indisponív­el por volta das 15h30. A rede social refez o procedimen­to e devolveu ‘Mulheres Unidas Contra Bolsonaro’ às administra­doras às 18h. “Não fomos deletadas e seguiremos retornando, somos incansávei­s. Não vão nos calar”, disse a assessoria do grupo, em nota.

ANTES DO ATAQUE

O candidato a deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidenci­ável, acusou o grupo de ser falso em sua conta no Facebook no sábado à tarde, antes do ataque. Ele disse que a página já teria 1 milhão de seguidores ‘quando foi vendida para a esquerda’. Na publicação, ele convida seguidoras a participar­em da página ‘MULHERES COM BOLSONARO #17 (OFICIAL)’, que tem mais de 680 mil participan­tes. Integrante­s do grupo hackeado rebateram as acusações, dizendo que o candidato está espalhando fake news (notícia falsa).

ATO NACIONAL

Até o fechamento desta reportagem, 42 manifestaç­ões já estavam marcadas em 20 estados por mulheres em protesto contra o candidato Jair Bolsonaro. Só no Rio, há quase 95 mil adeptas no evento marcado para o dia 29, na Cinelândia.

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IMAGENS DE REPRODUÇÃO DO FACEBOOK
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REPRODUÇÃO/ FACEBOOK Previsão é que Mulheres Unidas Contra Bolsonaro (MUCB) volte ao modo original ainda hoje
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