Hackers tomam grupo contra Bolsonaro
Comunidade no Facebook que já reunia 2,2 milhões de mulheres foi invadida, sábado à noite, por apoiadores do candidato do PSL à presidência. A polícia já está investigando o caso.
Uma mobilização organizada nas redes sociais virou caso de polícia. A comunidade no Facebook Mulheres Unidas Contra Bolsonaro, que já reunia 2,2 milhões de internautas na madrugada de ontem, foi invadida por apoiadores do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e saiu do ar por duas vezes. O grupo só voltou definitivamente às mãos das administradoras no início da noite de ontem. As responsáveis estão fazendo uma limpa, com a retirada de publicações favoráveis ao candidato e de ‘perfis suspeitos’. As moderadoras decidiram manter a página inacessível no modo ‘secreto’. A comunidade só deve voltar hoje à modalidade original com status de grupo fechado, onde qualquer usuário pode encontrar e pedir para participar ou ser adicionado.
Duas administradoras registraram boletins de ocorrência na Polícia Civil depois que tiveram as suas contas pessoais invadidas. Uma delas teve o email hackeado e o perfil no Facebook derrubado. Outra teve o email, o WhatsApp e a conta telefônica suspensa. Elas também desconfiam que possam estar com suas linhas grampeadas. A reportagem não conseguiu contato com a Polícia Civil. AMEAÇAS
Uma integrante do grupo disse que as administradoras estão sendo atacadas em suas contas no Facebook. São mensagens ofensivas e até ameaças de agressão física.
‘ATIVIDADE SUSPEITA’
O Facebook informou que removeu o grupo após detectar atividade suspeita, na madrugada. No início da tarde, a comunidade foi devolvida pela primeira vez às administradoras. Mas voltou a ficar indisponível por volta das 15h30. A rede social refez o procedimento e devolveu ‘Mulheres Unidas Contra Bolsonaro’ às administradoras às 18h. “Não fomos deletadas e seguiremos retornando, somos incansáveis. Não vão nos calar”, disse a assessoria do grupo, em nota.
ANTES DO ATAQUE
O candidato a deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidenciável, acusou o grupo de ser falso em sua conta no Facebook no sábado à tarde, antes do ataque. Ele disse que a página já teria 1 milhão de seguidores ‘quando foi vendida para a esquerda’. Na publicação, ele convida seguidoras a participarem da página ‘MULHERES COM BOLSONARO #17 (OFICIAL)’, que tem mais de 680 mil participantes. Integrantes do grupo hackeado rebateram as acusações, dizendo que o candidato está espalhando fake news (notícia falsa).
ATO NACIONAL
Até o fechamento desta reportagem, 42 manifestações já estavam marcadas em 20 estados por mulheres em protesto contra o candidato Jair Bolsonaro. Só no Rio, há quase 95 mil adeptas no evento marcado para o dia 29, na Cinelândia.