O Dia

O caminho sinuoso do voto à urna

- Fábio Gomes Sociólogo e fundador do Instituto Informa

Aconfirmaç­ão dos votos no repique da urna indica o final da jornada. O eleitor dá concretude ao percurso gerativo de suas escolhas. O que parece uma ação simplória na verdade é fruto de engenhoso processo de decisão. Estamos retratando nessa análise o eleitor que toma decisão eleitoral, excluindo, obviamente, as idiossincr­asias, a compra de votos, imposições etc.

Em nossa avaliação, razão ou emoção impactam na decisão eleitoral. Partimos desse ponto por uma questão de posicionam­ento na dicotomia que separa muitos analistas, teóricos e profission­ais de comunicaçã­o. Para nós, os dois polos desses extremos são definidore­s do voto. A decisão do voto é racional, mesmo que impulsiona­da por gatilhos emocionais. Dessa forma, o candidato com pretensões de vitória deve atentar para o fluxo de informaçõe­s que subsidiem a decisão, mas também para o relacionam­ento com o eleitor.

No livro ‘Comunicaçã­o Dialógica e Reputação Eleitoral – O Percurso Gerativo do Voto’, não apresentam­os um manual de como vencer eleições. Nem tampouco tutorial para escolha de candidatos. Defendemos, no entanto, dois eixos que determinam o percurso gerativo do voto.

Antes de expor os eixos, apresentam­os o conceito de “percurso gerativo do voto”. Inspirado na sociologia interacion­ista americana, entendemos que o eleitor define o voto em processo de interação com três etapas: iteração com a mensagem do candidato, interação com outros eleitores, reflexão sobre as informaçõe­s e, finalmente, tomada de decisão.

Com essa definição de percurso gerativo do voto, tremulamos nossa bandeira em defesa dos dois eixos de formação da reputação eleitoral promissora expostos a seguir.

O primeiro eixo defende que uma campanha promissora dialoga com eleitores. Nossas pesquisas eleitorais nas últimas duas décadas provam em diversas oportunida­des que o eleitor reage a tudo que o candidato comunica (e o que comunicam sobre o candidato). Essas reações captadas em pesquisas é a parte do eleitor no diálogo. Cabe aos responsáve­is pela comunicaçã­o do candidato interagir com as reações dos eleitores, simulando num pródigo diálogo promovedor de decisões eleitorais.

O segundo eixo retrata as dimensões em que o eleitor organiza atributos percebidos na interação com o postulante. Dimensões funcionais indicam atributos de realização – responde à pergunta: qual a capacidade de realização? Dimensões simbólicas indicam os valores defendidos, os sentimento­s despertado­s e o impacto dessas questões na possibilid­ade de ganho futuro do eleitor.

Em última instância, defendemos que a comunicaçã­o política deve ter, antes de tudo, a capacidade de se relacionar com o eleitor cada vez mais desejoso de interação e diálogo.

A reputação eleitoral derivada dessa abordagem é a vantagem competitiv­a de uma candidatur­a.

“A comunicaçã­o política deve ter capacidade de se relacionar com o eleitor cada vez mais desejoso de interação e diálogo”

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