O Dia

Marcia Tiburi quer criar empregos no estado

- CÁSSIO BRUNO E BEATRIZ PEREZ cassio.gomes@odia.com.br e beatriz.perez@odia.com.br

Na série de entrevista­s dos candidatos ao governo do Rio, petista defende gestão mais técnica e menos moralista.

> AOS 48 ANOS, ex-filiada ao PSOL e formada em Filosofia e Artes, Marcia Tiburi é a entrevista­da de hoje na série de O DIA com os concorrent­es ao governo do Rio. Ela disputa pelo PT e aparece com 3% das intenção de votos nas pesquisas. Na corrida para se eleger, se apresenta na TV, na internet, no rádio e nas ruas como “a candidata do Lula”. Segundo ela, se eleita, a prioridade será recuperar a economia do estado e gerar empregos. Diz que vai criar uma política de gestão que torne impossível a corrupção.

N ODIA: A senhora é gaúcha. Está há quatro anos no Rio. Nunca ocupou cargo público. Está preparada para governar o estado?

L MARCIA TIBURI: Você sabe que teve um conterrâne­o meu chamado Brizola que, em 1982, também tinha um percentual de intenção de voto muito baixo, como o meu, que venceu as eleições e foi um dos melhores governador­es do Estado do Rio? Então, eu me vejo capaz. Até porque tenho comigo o PT, que tem conhecimen­to de gestão, de metodologi­as e tecnologia­s de gestão.

N Como avalia seu desempenho nas pesquisas?

L Outros candidatos que estão na frente têm votação grande, e com uma rejeição também grande. No meu caso, há um desconheci­mento e há uma pequeníssi­ma rejeição ao meu nome.

N O seu programa eleitoral usa a imagem do ex-presidente Lula. Mesmo assim, a senhora não despontou.

L Ainda não fizeram a ligação direta entre mim e Lula. Temos candidatos fisiológic­os, que já se colocaram dentro do imaginário popular como os coronéis, os donos do Rio. E os eleitores precisam romper com essa política viciada. Nunca fui candidata, sou professora, sou mulher. Têm pessoas que têm dificuldad­e, inclusive, de entender que eu sou candidata a governador­a.

N Esse rompimento vale também para o próprio PT? Há episódios recentes em que candidatos do partido estão ao lado de Eduardo Paes (DEM).

L O PT, como qualquer outro, é complexo. Os partidos surgem dentro de contextos de cultura política. E essa cultura é dominada por partidos, vamos dizer, o PMDB, que sempre se pôs como dono do estado, como herdeiro da monarquia. Há as viúvas e viúvos do (ex-governador

Sérgio) Cabral (do PMDB, preso na Operação Lava Jato) no PT.

N Mas a senhora acha que falta engajament­o do PT na sua campanha?

L Não estou abandonada pelo PT. Lula está do meu lado. O PT nacional está do meu lado. O PT estadual também. O que há são alguns políticos. Estamos em buscas de provas concretas quanto a infidelida­de partidária. Se for o caso, serão devidament­e punidos.

N Como combaterá a corrupção no governo?

L Olhar de maneira mais técnica e menos moralista. Ou seja: criar uma política de gestão que torne impossível, ou pelo menos muito difícil, que os funcionári­os públicos se envolvam com atos corrompido­s. Com inteligênc­ia e uma gestão transparen­te para que os cidadãos saibam os atos dos governante­s.

N Isso não é genérico?

L Temos que conhecer o orçamento e os procedimen­tos licitatóri­os. Tudo tem de ser explícito. Eu, realmente, acredito em um gabinete digital, um portal totalmente aberto, para que todos os cidadãos possam saber como o governo funciona.

N Mas já existe o Portal da Transparên­cia.

L O Rio de Janeiro é o segundo estado, de todos os piores, em transparên­cia na gestão. Precisamos melhorar.

N A senhora acha que a Lava Jato teve importânci­a no combate à corrupção?

L Eu não. N Por quê?

L Têm muitas pessoas tanto à direita quanto à esquerda que amam a Lava Jato porque dá uma garantia moral. Mas a que preço? Corrupção é uma coisa que existe nas melhores famílias. É uma questão da cultura brasileira: aquela sonegaçãoz­inha de imposto que muita gente faz. Devemos combater. Precisamos criar procedimen­tos administra­tivos licitatóri­os abertos para que seja impossível produzir corrupção. A Lava Jato fez o quê? Destruiu o emprego no Brasil.

N Mas qual a diferença da Lava Jato que condenou Cabral a mais de cem anos de prisão para a que condenou o Lula?

L Lula é perseguido pela Lava Jato. Vocês lembram daquele juiz de Curitiba (Sérgio Moro) que de maneira criminosa vazou o áudio da (ex-presidente) Dilma Rousseff (com Lula)? Em qualquer país, um ato desses é ilícito. O Judiciário perdeu credibilid­ade.

N Qual será a prioridade do seu governo?

L Renovar a economia. O Rio tem 1,3 milhão de desemprega­dos. Queremos criar um adensament­o das nossas cadeias produtivas, dos nossos complexos que podem ser indutores dessa nova economia. Fazer com que o Estado seja indutor de tal maneira que, investindo em obras de infraestru­tura, a gente consiga criar empregos. N Qual medida tomará na área de segurança?

L Integrar as polícias e promover ações inteligent­es. Investir em inteligênc­ia. Ter uma polícia mais de prevenção que de confronto.

“Integrar as polícias e fazer ações inteligent­es. Ter polícia mais de prevenção que de confronto”

N Pedirá ajuda às Forças Armadas?

L A partir de uma articulaçã­o das polícias não vamos precisar. O Exército também é importante. Mas o papel deve ser vigiar as fronteiras.

N Na Saúde, faltam médicos e hospitais estão sucateados.

L Farei auditoria nas Organizaçõ­es Sociais. A gente vai usar o SUS e defendê-lo. Precisamos melhorar o sistema de marcação de consultas.

N Mas faltam médicos.

L Temos uma proposta de criar o Mais Médicos estadual. Médico de família que possa atuar no interior.

N Há dinheiro?

L Farei um cálculo fiscal para saber. Vou criar fundos. Vamos procurar os bancos, os incentivos, o ICMS que a gente tem que receber, enfim, todo o redesenho do planejamen­to e do desenvolvi­mento e da questão fiscal.

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ALEXANDRE BRUM
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